quinta-feira, 31 de maio de 2012

31 de maio: São Fernando III, rei de Castela

Nascido por volta de 1199, Fernando III era sobrinho de Branca de Castela, a santa mãe de São Luís rei da França. A coroa de Castela pertencia a Henrique, que morreu em 1217. Fernando contava 19 anos quando sua mãe, tramando habilidosas manobras, conseguiu colocar sobre a cabeça do filho primeiro a coroa de Castela e a seguir a de Leão.
O certo é que ele conseguiu congraçar e pôr de acordo os reinos espanhóis tradicionalmente desentendidos de Castela, Aragão, Navarra e Leão. Deve ter contribuído para isso o fato de ser terceiro franciscano. Conseguia também a proeza de reunir em si as virtudes aparentemente mais opostas e contraditórias, conciliando o valor com a piedade e a audácia com a prudência. Foi igualmente bastante afortunado na vida familiar, casando sucessivamente com duas senhoras excelentes: a primeira, proposta pela mãe, morreu após 15 anos de casamento, e deu-lhe dez filhos; a segunda foi-lhe proposta por Branca de Castela. Igualmente afortunado foi nas guerras contra os sarracenos, que ocupavam grande parte da Espanha, numa época propícia e com êxitos notáveis.
Penetrando na Andaluzia, ocupou Córdova e o reino de Múrcia. Depois, bloqueando com uma frota o rio Guadalquivir, conquistou Sevilha, para regozijo do povo cristão e pasmo do muçulmano. Desta forma granjeou o título de “terror dos mouros”, aos quais perseguiu até as costas da África.
Foi uma guerra de libertação política e religiosa. O grito de batalha das suas tropas ressoava em todo o Mediterrâneo: “Santiago e Castela!”. Aos prisioneiros mouros fê-los trazer às costas o sino roubado pelos sarracenos ao famoso santuário de Compostela. Na conquista de Córdova teve o cuidado de não fazer qualquer mal à população, e o seu primeiro pensamento foi o de construir uma igreja em honra da SS. Virgem. Preocupava-se  em não cometer a mínima injustiça nem ofender sequer o mais insignificante dos seus súditos. Dizia que tinha mais medo da maldição duma velhinha do que de todas as armas dos mouros.
Ao sentir a aproximação da morte, recebeu o viático e a unção dos doentes na presença de todos os dignitários da corte, a quem quis dar esse último exemplo de devoção. Ao seu filho e herdeiro Afonso, antes de lhe dar a benção, deu-lhe alguns conselhos apropriados para o bom governo do reino: <<Teme a Deus e considera-o sempre como testemunha de todas as tuas ações, públicas e privadas, familiares e políticas>>. Era a regra vivida seguida pelo rei Fernando. A 30 de maio de 1252 entregou a alma ao Criador. Tinha 53 anos. Foi chorado pelos soldados como seu valoroso chefe; e pelo povo como pai previdente, soberano, herói, e sobretudo como santo

terça-feira, 29 de maio de 2012

30 de maio: Beata Camila Batista Varano

Não é difícil imaginar o regozijo sentido na elevada e luminosa Camerino, situada na crista dos Apeninos, e a grandiosidade das festas aí celebradas pelo nascimento da primogênita do senhor da cidade, Camila, a 9 de abril de 1458.
À medida que a menina ia crescendo e se ia mostrando inteligente e encantadora, o pai, Júlio César Varano, e a mãe, Joana, da família Malatesta, sonhavam para a filha um casamento esplêndido, com algum senhor de qualquer cidade vizinha. Ela mesma escreveu mais tarde: <<Passava todo o tempo em serenatas, bailes e passeios, em vaidades, festas e divertimentos juvenis>>. Mas na vida da jovem, bela e culta Camila, princesa de Camerino, havia um pequeno segredo só dela conhecido. Pediu licença ao pai para entrar, não num palácio senhorial, mas num humilde e pobre convento para seguir a austera regra de Santa Clara.
Não foi fácil. Só após prolongada e obstinada insistência da filha o pai se vergou à sua pretensão. Foi um rude golpe para o coração do pai permitir que a sua Camila entrasse em Urbino, não como princesa casada com um príncipe, mas de pés descalços, para se encerrar num convento de clarissas, com o nome de Sóror Batista.
Para aplacar o orgulho ferido, seu pai não teve outro remédio senão renovar e ampliar, em Camerino, o mosteiro de Santa Maria Nova, e assim ter mais perto de si a filha, que de futuro seria para sempre esposa de Jesus. Dentro dos muros desse mosteiro foi Sóror Batista Varano agraciada com revelações e visões que o seu diretor espiritual lhe obrigou a escrever. Assim nasceram, na intimidade de sua cela, obras que iriam ficar famosas na literatura mística de 500: “As dores mentais de Jesus”, “A vida espiritual”, “Considerações sobre a Paixão”, “Tratado da pureza de coração”, “Orações” e “Poesias”.
Enquanto essa Clarissa enriquecia o mundo com estes trabalhos, César Bórgia assaltava a cidade de Camerino, assassinando sem piedade César Varano e seus dois filhos. Sóror Batista derramou por eles lágrimas secretas, mas perdoou ao assassino. A sua máxima era “fazer o bem e suportar o mal”, sofrendo não a sós, mas com Jesus na cruz. Morreu em Camerino a 31 de maio de 1524, com a idade de 66 anos.

29 de maio: Beato Herculano de Piegaro

Herculano nasceu em Piegaro, província de Perúsia, em 1390. Aos 20 anos ingressou na ordem franciscana, resolvido a imitar o pobrezinho de Assis no ardor da caridade e no zelo apostólico. Teve como mestre espiritual o Beato Alberto de Sarteano, o qual, com São Bernardino de Sena. São Tiago da Marca e São João de Capistrano foram as colunas da Observância, aquele providencial movimento de regresso da ordem dos frades menores à pureza genuína da regra. Consagrado sacerdote, exerceu o ministério da pregação percorrendo cidades e aldeias com grande proveito para as almas que se voltavam para Deus com uma prática mais perfeita da vida cristã. Um dos temas mais prediletos era o da Paixão de Cristo. Ao pregar em Áquila numa sexta-feira santa, descreveu com tanta vivacidade os sofrimentos de Cristo, que os fiéis não se puderam conter e desataram a chorar.
Depois de anunciar com fervor e veemência o evangelho, regressava aos conventos de retiro e solidão, e aí, em silêncio absoluto, oração assídua e penitência austera, recarregava o espírito. O seu alimento, além da Eucaristia, limitava-se muitas vezes a pão e água.
Em 1429 o seu ilustre mestre Beato Alberto de Sarteano quis que ele fosse seu companheiro numa missão especial à Palestina, onde por determinação de Eugênio IV ia tomar posse dos lugares santos em nome da ordem dos frades menores. A visita a esses lugares, santificados pela presença de Jesus, de Maria e dos apóstolos, deixou uma marca indelével no coração de Herculano. Passados poucos meses regressou à pátria completamente transformado, apto a empreender de novo as lides apostólicas.
Em 1430, quando pregava a quaresma na catedral de Luca, os florentinos puseram cerco à cidade. Herculano ofereceu-se como mediador da paz, interessou-se em socorrer os sitiados, e quando começaram a faltar víveres, conseguiu introduzir na cidade o indispensável para socorrer a população. Previu e anunciou com antecedência a retirada das forças inimigas e a vitória do povo de Luca. Como sinal de agradecimento, as autoridades da cidade cederam-lhe o convento de Pozzuolo. Construiu ainda outros conventos na Toscana, onde foi prudente e zeloso guardião.
A 28 de maio de 1451, com 61 anos de idade, adormeceu na paz do Senhor, que lhe confirmou a santidade com milagres realizados em vida e ocorridos junto ao túmulo.

28 de maio: Santa Mariana de Jesus Paredes e Flores

Santa Maria de Jesus é a primeira santa canonizada da república do Equador, e foi proclamada heroína nacional. Nasceu em Quito a 31 de outubro de 1618, sendo a oitava e última filha dum capitão espanhol casado com uma nativa. Tendo perdido o pai aos 4 anos e a mãe aos 6, foi educada por uma irmã mais velha, Jerônima, esposa dum capitão.
Desde criança manifestou inclinação para exercícios de piedade e mortificação. Aos 7 anos fez a primeira comunhão e também voto de virgindade, adotando o nome de Mariana de Jesus. Fez os exercícios espirituais, e como Santa Teresa, tentou fugir de casa com uma prima, para ir evangelizar índios.
Tal iniciativa, porém não teve êxito, nem tão-pouco a de se retirar para o sopé dum monte vulcânico, a fim de implorar à Virgem SS. proteção contra erupções vulcânicas. A família não conseguiu obter autorização para ela ingressar na congregação das irmãs franciscanas, e perante isso, decidiu entrar na TOF. Retirou-se  num pequeno quarto da sua própria casa, vestiu-se com um hábito castanho e encetou uma vida de recolhimento, oração e penitência. Tais austeridades, no entanto, não lhe modificaram o caráter alegre e jovial: tocava guitarra, consolava os tristes, reconciliava negros  índios, e fazia milagres.
A saúde ressentiu-se da penitência a que ela se sujeitava e das sangrias a que a sujeitavam os médicos. Por ocasião dos terremotos e epidemias que ocorreram em Quito em 1645, Mariana ofereceu a vida pelos conterrâneos. No seu quarto foi acometida por febre altíssima e dores dilacerantes. Mas ao mesmo tempo que a sua doença aumentava, ia diminuindo a peste na cidade, e o terremoto acabara quando começara o seu sofrimento heróico. Nos últimos três dias perdeu a fala, e só no último dia de vida aceitou estender-se na cama. Já tinha há tempos manifestado aos familiares o desejo de ser amortalhada com o hábito franciscano que tinha guardado na cela, apesar de há muitos anos usar o escapulário e o cordão da TOF. Predisse o dia e a hora da morte: 26 de maio de 1645, às 22 horas, contando apenas 26 anos e meio. A sua morte foi lamentada por toda a cidade. Toda a gente dizia: <<Morreu a Santa!>>. As suas exéquias foram uma expressão de triunfo, uma explosão de agradecimento e de profunda veneração do povo de Quito pela sua admirável concidadã, pela generosa vítima, pela sua salvadora.

26 de maio: Beatos Estevão de Narbona e Raimundo de Carbona

No dealbar do século XIII a situação da Igreja no sul da França, sobretudo na região de Tolosa, era difícil, devido à difusão da heresia albigense. A 22 de Abril de 1234 Gregório IX nomeou Guilherme Arnaud, dominicano oriundo de Mompilher, como o primeiro inquisidor nas dioceses de Tolosa, Albi, Carcassona e Agent. O inquisidor nomeado quis logo meter as mãos à obra, mas deparou com sérias dificuldades, pois onde de Tolosa Raimundo VII proibiu os súditos de terem contato com Frei Guilherme e seus colegas, começando por pôr guardas às portas do convento, a fim de os frades não receberem alimentação. E a 15 de novembro de 1235 mandou expulsar da cidade todos os frades dominicanos, que cumpriram a ordem saindo em procissão e entoando hinos sagrados. No ano seguinte foi-lhes permitido regressarem ao convento, mas entretanto o ódio dos hereges contra os inquisidores crescia e provocara revoltas e chacinas. Uma aconteceu quando Raimundo de Afar, governador duma pequena cidade próxima de Tolosa, a título de amizade convidou frei Guilherme e dez companheiros para uma reunião no seu castelo, onde simplesmente os encerrou numa sala, segundo um plano preestabelecido.
Foi no dia 29 de maio de 1242, vigília da Ascensão. Era já noite avançada quando centenas de albigenses, armados de espadas, machados e facas, irromperam na cidade e se dirigiram ao castelo. O traidor Raimundo de Alfar abriu-lhes as portas de par em par. A turba atravessou salas, derrubou portas, até chegar ao aposento onde se encontravam os religiosos, que logo compreenderam que chegara para eles a hora do martírio. Nenhum pensou em fugir. Todos se ajoelharam e começaram a entoar o Te Deum. Os albigenses arremeteram como hienas ferozes sobre os religiosos que caíram como mansos cordeiros em defesa da fé. As suas últimas palavras foram as de Cristo: <<Perdoa-lhes, Senhor, pois não sabem o que fazem>>. A crueldade dos assassinos assanhou-se principalmente contra Fr. Guilherme, a quem cortaram a língua.
Entre esses 11 mártires, contam-se dois frades franciscanos: Estêvão de Narbona e Raimundo de Carbona.
Estêvão era ainda jovem quando, dócil ao chamamento do Senhor, se fez monge beneditino para realizar o programa de São Bento, Ora eT labora (oração e trabalho). Chegou a ser abade num mosteiro perto de Tolosa. Mas a fama de São Francisco, a vida pobre, simples e humilde dos franciscanos e o ardor apostólico dos primeiros mártires impressionaram-no tão profundamente, que pediu aos superiores para ingressar na nova ordem. Como aconteceu com Santo Antônio de Lisboa, que deixou os Cônegos Regulares de Santo Agostinho para se fazer  franciscano, também Estêvão trocou a ordem de São Bento pela de São Francisco. Dada a sua cultura e santidade, muito trabalhou na defesa da fé contra os erros albigenses. E juntamente com dez companheiros, entre eles o seu confrade Raimundo de Carbona, deu corajosamente a vida por Cristo. Os Beatos Estevão e Raimundo foram sepultados em Tolosa, na igreja dos frades menores.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

25 de maio: Beato Gerardo de Vilamagna

Natural de Vilamagna, nas margens do rio Arno, Gerardo, filho duma família de agricultores, ficou órfão aos 12 anos. Durante uma peregrinação à Palestina foi feito prisioneiro pelos turcos, que lhe infligiram muitos maus tratos. Restituído à liberdade, visitou devotamente os lugares santos, e depois regressou a Vilamagna, instalando-se junto a uma igreja próxima da sua vivenda. Essa igreja ainda existe, com o nome de igreja de B. Gerardo, e conserva uma arca com as relíquias do antigo e desafortunado cruzado.
As peripécias do jovem não terminaram com essa peregrinação à Terra Santa. No ano seguinte fez-se novamente ao mar com um grupo de 20 cavaleiros, rumo à Síria. Dessa vez foram piratas que lhe fizeram difícil à viagem e lhe puseram em perigo a vida. Mas finalmente conseguiu chegar pela segunda vez à Palestina, onde se consagrou à oração e à prática da caridade, sobretudo para com doentes e peregrinos. Nessa vida permaneceu sete anos, até notar que se tornava alvo de veneração, coisa que a todo o custo queria evitar. Por isso regressou à Itália.
Teve então oportunidade de conhecer S. Francisco, e de receber das suas mãos o hábito da ordem da penitência. Como terceiro franciscano regressou ao seu oratório de Vilamagna, e por ali ficou definitivamente. Mas para facilmente se deslocar até ao cimo da colina do Encontro, ele mesmo construiu com suas próprias mãos no meio dos bosques um oratório dedicado à Virgem Maria. Foi essa a primitiva construção da igreja que ainda existe, rodeada por um conventinho simples e sugestivo. Porém, o convento franciscano do Encontro não foi construído pelo B. Gerardo: foi fundado por outro santo, Leonardo de Porto Maurício, quase cinco séculos mais tarde, para continuar e completar a obra do seu colega em santidade.
Contam-se dele alguns milagres, como o de encontrar numa ameixoeira frutos maduros fora do tempo, para satisfazer os desejos dum doente. Outra ocasião, necessitando de transportar material para a construção do seu eremitério, e perante a recusa dum lavrador de lhe emprestar os bois para o carrego, encontrou subitamente duas juntas de bezerros que lhe fizeram o transporte sem dificuldade para onde ele queria. Todas as semanas visitava em piedade peregrinação  três santuários, em sufrágio das almas do purgatório, a fim de obter a remissão dos pecados e converter infiéis. Entregou a alma ao Senhor no dia 25 de maio de 1270, com a bonita idade de 96 anos.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

24 de maio: Dedicação da basílica de São Francisco de Assis

 Logo a seguir à canonização do Pobrezinho, feita por Gregório IX a 16 de julho de 1228, manifestou esse papa o desejo de que em honra do santo a quem ele tanto apreciara, se erigisse em Assis um templo grandioso para lhe conservar os restos mortais. O próprio Pontífice benzeu a primeira pedra da construção, e em 1230 ordenou que o corpo do santo fosse trasladado da igreja de São Jorge para a nova basílica, à qual concedeu o título de “cabeça e mãe da ordem dos frades menores”. Só bastantes anos mais tarde (1253) foi solenemente consagrada por Inocêncio IV, e mais tarde ainda (1764) elevada à categoria de Basílica Patriarcal e Capela Papal por Bento XIV.
São Francisco quis morrer junto da pequenina e pobrezinha igreja da Porciúncula, onde tivera início a sua vida religiosa. Mas apesar de ele ter escolhido a pobreza como caminho para o amor e a ter deixado aos irmãos como herança a preservar a todo custo, tanto os seus filhos como o povo de Assis, encorajados pelo próprio papa, quiseram erguer em sua honra uma basílica grandiosa, como sinal da glória celeste que Deus lhe concedera.
Foi frei Elias o encarregado e talvez o projetista das três igrejas sobrepostas que todo mundo hoje visita e admira. Na escuridão dum subterrâneo foi construída a primeira igreja, que conserva o corpo do pobrezinho; sobre essa humildade e obscuridade de vida eleva-se a primeira glória da igreja intermédia, com maravilhosas alegorias de virtudes;  e por cima dessa, numa dança de luz, ergueu-se a igreja superior. Pintores de renome entrelaçam dois temas de adorno e de meditação: a paixão de Cristo e a história de Francisco, sublinhando a necessidade de imitar Cristo para chegar ao céu.
No dia 25 de maio de 1253 era solenemente era solenemente consagrada a basílica erguida sobre o monte do paraíso em honra de São Francisco de Assis, concebida por frei Elias como um sonho de glorificação sem igual: três igrejas sobrepostas. Na base, escondida na terra, a tumba com o corpo do Santo. Sobre ela, a igreja intermédia, invadida duma luz ainda tênue onde se representasse a vida do pobrezinho, e a sua gradual ascensão, segundo as alegorias das virtudes e principalmente segundo o tema dominante da sua vida religiosa: Cristo crucificado. Só está inundada de luz natural a terceira igreja, em cujas paredes deslizam em paralelo cenas bíblicas e episódios mais marcantes da vida de Francisco. Assim foi sonhada a exaltação de um santo, associada à fé no Deus feito homem em Jesus Cristo, a quem o santo imitara tão perfeitamente.
Celebram hoje os franciscanos o dia festivo dessa consagração ou dedicação. Isso ajuda a descobrir a riqueza espiritual de Francisco para transformar o homem em templo de Deus.

23 de maio: Beato João de Prado

Nascido em Mogrovejo na Espanha em 1560, de pais nobres. Interrompeu os estudos na universidade de Salamanca para envergar o hábito dos frades menores de Rocamador a 16 de novembro de 1584, onde professou no ano seguinte. Pregador ardente e bom teólogo, tomou parte nas controvérsias sobre a Imaculada Conceição. Desempenhou vários cargos, como o de guardião em diversos conventos, mestre de noviços, e definidor por duas vezes. Devido às virtudes e dotes que todos lhe reconheciam, foi escolhido para governar a nova província franciscana de São Diogo, fundada em 1620. Durante o seu mandato de provincial tentou restaurar a missão franciscana de Marrocos. Com efeito, 1630 foi destinado a Marráquexe, capital de Marrocos, para prestar assistência espiritual aos escravos cristãos. Obtido um salvo-conduto do sultão e as credenciais de Prefeito Apostólico por parte de Urbano VIII, partiu de Cádiz com alguns confrades a 27 de novembro de 1630.
Depois de ter exercido o ministério em Mazagão por três meses, tentou chegar a Marráquexe, mas foi capturado pelas autoridades muçulmanas em Azamour, e só chegou ao destino pretendido a 2 de abril de 1631. Levado à presença do novo sultão Mulay, confessou intrepidamente a fé cristã. Foi metido na masmorra e várias vezes flagelado. Durante a sua última polêmica com o sultão, foi por ele apunhalado e condenado à fogueira na praça do palácio. Enquanto de cima da fogueira continuava destemidamente a pregar a fé, foi alvejado à pedrada e à paulada. Assim passou ao céu, a 24 de maio de 1631, com 71 anos.
A terra de Marrocos, banhada com o sangue dos protomártires franciscanos e com os mártires de Ceuta, S. Daniel e companheiros, recolheu também o sangue deste ilustre confrade que durante muitos anos exercera o apostolado em terras da Espanha e se tinha preparado para o martírio com rigorosas penitências e uma exuberante vida de oração. A sua morte gloriosa foi acompanhada de muitos milagres e numerosas conversões.

22 de maio: Beato João Forest

Nasceu em 1471, provavelmente em Oxónia (Inglaterra), e aos 16 anos vestiu o hábito franciscano em Greenwich. Nove anos mais tarde foi enviado a Oxónia para fazer os estudos teológicos, findos os quais foi ordenado presbítero e regressou ao convento de origem. Do cardeal Wolsey recebeu o encargo de pregar na igreja de São Paulo em Londres, e ao mesmo tempo foi escolhido pela rainha Catarina de Aragão primeiro como capelão, e depois como confessor.
Gozou da estima e da amizade de Henrique VIII até ao momento em que se declarou em favor da validade do matrimônio do rei, que queria fazer novo casamento, alegando que o primeiro fora inválido.
Como guardião do convento, João Forest já advertira os confrades, num capítulo realizado em 1532, que o rei pretendia suprimir a ordem. E do púlpito da catedral de São Paulo não se abertamente contra Cromwell e indiretamente contra o rei.
A condenação papal de 1534 indignou Henrique VIII, que suprimiu os conventos dos frades menores e os obrigou a dispersarem-se por outras casas religiosas. O Beato João Forest foi encarcerado na prisão de Newgate até 1534.
Em 1538 encontrava-se Frei João entre os conventuais. Nessa espécie de prisão domiciliar e pôde, no entanto, manter, com a rainha Catarina e outras personalidades, correspondência que em parte ainda se conserva. Escreveu também um tratado contra o próprio Henrique VIII, por ele se arrogar o título de cabeça espiritual da nação. Esse tratado não podia deixar de irritar o rei, que ordenou a prisão do seu autor. Levado a tribunal, Frei João viu-se envolvido numa rede de ardis. Queriam obrigá-lo a aceitar e assinar em bloco um conjunto de artigos; mas ao lê-los um por um, João Forest descobriu que nas entrelinhas de um deles se ocultava um  ato de apostasia. Por isso os recusou em conjunto, e por isso foi condenado à fogueira.
A execução foi marcada para 22 de maio de 1538. No local do suplício foi convidado a pedir perdão e a fazer juramento de fidelidade ao rei. Mas o mártir resistiu impávido à solicitação, e fez em vez disso uma belíssima profissão de fé: <<Creio na Igreja, una, santa, católica, apostólica e romana. Juro que nunca me separarei do papa, vigário de Cristo, sucessor de São Pedro, bispo de Roma. Nem que baixasse um anjo do céu e me insinuasse outra coisa contrária ao que durante toda vida acreditei, nem que houvesse de ser esquartejado, despedaçado membro a membro, queimado, enforcado, sujeito a qualquer forma de suplício, nunca jamais me apartaria da minha fé>>. Foi atado pelo meio do corpo e suspenso sobre as chamas. Morreu queimado a fogo lento, orando e invocando o nome do Senhor. Contava 67 anos.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

21 de maio: Santo Ivo da Bretanha

O mais célebre padroeiro dos causídicos é Santo Ivo, a quem pela primeira vez o povo apelidou de “advogado dos pobres”. Na realidade, porém, foi mais que advogado: foi amigo, irmão, benfeitor e pai dos pobres. Nasceu na Bretanha, a 17 de outubro de 1253, sem nunca se imiscuir entre a despreocupada e por vezes tresloucada juventude da época, fez os estudos, com seriedade e proveito, primeiro em Orleães e depois em Paris, nas célebres escolas de teologia e de direito.
Desde muito jovem pôde assim assumir a responsabilidade de juiz eclesiástico, cargo que desempenhou com dedicação e prudência, e sobretudo com profundo sentimento de humildade, raiando às vezes pela humilhação, pois a si mesmo se chamava “ o mais mesquinho dos servos de Cristo”. Mas o que aos olhos do povo o fazia santo não era tanto a sua extrema humildade, quanto sobretudo a não extrema caridade. Soube-se, por exemplo, que quando vivia em Paris cedeu o próprio leito a dois jovens órfãos a quem acolheu e deu hospedagem, enquanto ele passou a dormir no chão, sobre um colchão de palha.
O bispo de Tréguier, sua terra natal, quis ter consigo este extraordinário jurista, e convidou-o também a aceitar receber o sacerdócio. Como padre, Santo Ivo continuou a exercer ainda com mais zelo e caridade a profissão de advogado, sobretudo dos pobres. Resolveu também fazer-se terceiro franciscano vestindo o hábito da penitência.
Depois de deixar o tribunal, contente por ter defendido a justiça e protegido os fracos e deserdados, regressou à sua casa, outrora uma mansão senhorial, e transformada agora em casa de acolhimento de todos os pobres, desvalidos, doentes e órfãos da região, para todos os fins de assistência: servia de hospital, orfanato, asilo, refeitório, e até balneário público.
O santo dormia no meio deles, servindo-lhe de almofada para apoiar a cabeça um grosso calhamaço de direito. Fora a vida laboriosa e agitada que levara, acrescida ainda de ásperas penitências, que o esgotara rapidamente, e o levara a renunciar à profissão, e a dedicar-se doutra forma ao serviço dos pobres. A nova modalidade de apostolado, porém, também não iria durar muito. Depressa adoeceu e se viu impossibilitado de ajudar os seus amigos pobres materialmente; só os poderia favorecer, como aconteceu por vezes, com os milagres que ocorriam pelo simples contato com seu corpo cansado e doente.
Foram por isso os pobres os primeiros a chorá-lo, não como sábio jurista nem como advogado, mas como seu autêntico pai, quando ele faleceu a 19 de maio de 1303, antes de completar 50 anos. É um dos santos mais populares da França, e o padroeiro dos homens das leis.

domingo, 20 de maio de 2012

20 de maio: São Bernardino de Sena

Bernardino de Sena, místico iluminar do século XV, personalidade simpática e perspicaz, foi um dos santos mais atraente: o santo das pregações na Praça do Campo e do anagrama do Nome de Jesus, que ainda hoje figura em muitas igrejas e palácios públicos de cidades italianas, emoldurado de um radiante sol dourado. Bernardino não nasceu em Sena. Seus pais é que eram ambos dessa cidade, e ele também lá passou a viver quando ficou órfão. Aí foi criado e educado por duas tias e frequentou os estudos. Mas não tardou a abandonar a vida desafogada e elegante para entrar na ordem dos frades menores, onde promoveu afincadamente a “observância”, um movimento de regresso a uma mais estreita fidelidade a regra primitiva de S. Francisco.
Fundou alguns conventos, pequenos e pobres, que dirigiu com solicitude e abnegação. A sua maior glória, no entanto, resulta do estilo de pregação, colorida, fresca, apaixonada e penetrante. As prédicas feitas por ele em muitas praças italianas, sobretudo na “Praça do Campo”, em Sena, foram conservadas na sua encantadora integridade. Um dos temas por ele mais abordados era o da paz, propondo que se substituíssem os emblemas das facções pelo emblema do nome de Jesus. Começava por pregar a concórdia entre os cidadãos, entre guelfos e gibelinos, e passava depois a pregar a caridade para com Deus e os irmãos mais necessitados.
Por onde quer que ele passasse e fizesse ouvir a sua voz retumbante, clara e sonora, reformava-se a ordem social e política em favor dos necessitados: surgiam novos hospitais, os presos passavam a ser mais bem tratados, os atritos resultantes do egoísmo abrandavam, todo o ambiente humano melhorava. Cristo, o verdadeiro sol representado no anagrama imaginado e propagado pelo santo, incendiava as almas e fazia amadurecer frutos de paz, de justiça e de caridade.
Magro, débil, de rosto encovado, nariz e queixo proeminente, olhos azuis, brilhantes e serenos, a boca a denunciar um sorriso vivo e arguto, andou sempre a pé por toda a Itália na sua missão de pacificar e alcançar a concórdia entre povos e pessoas, inculcando a benevolência e a caridade.
A sua derradeira viagem foi a Áquila, onde já chegou moribundo e já não pôde pregar e estabelecer a paz entre os cidadãos em guerra civil. Expirou a 20 de maio de 1444, com 64 anos de vida na terra. Durante os três dias em que o seu corpo este exposto ocorreram numerosos milagres. Conservam-se muitas obras da sua autoria, entre elas os “Sermões” ( em latim), e as “Prédicas” (em língua vernácula).

sábado, 19 de maio de 2012

19 de maio: São Teófilo de Corte

São Teófilo de Corte é considerado o grande promotor dos Retiros, em que os religiosos passam pelo menos duas diárias em oração comum, se levantam de noite para a celebração de Matinas, e observam regime de abstinência durante quatro semanas por ano, ou seja quase meio ano.
Nasceu na Córsega, em Corte, oriundo duma família remediada e com certo nome. Recebeu no batismo o nome de Brás, que mais tarde mudou para o de Teófilo, ou seja, “amigo de Deus”, quando se fez frade franciscano na sua cidade natal, após os estudos preliminares. A família era benfeitora dos franciscanos e tinha na igreja dos mesmos a sua própria sepultura.
Terminado o tempo de prova, completou em Roma os estudos de filosofia e em Nápoles os de teologia. Em princípios de 1700 recebeu a ordenação sacerdotal, e daí em diante viveu quase sempre no continente. Só 30 anos mais tarde voltou uma vez à sua ilha natal, com muita emoção e no meio de grandes dificuldades, a fim de fundar também ali um dos seus Retiros. Durante anos alternou a sua estadia entre os dois conventos correspondentes ao seus dois primeiros Retiros, partilhando alternadamente a direção dos mesmos com o seu próprio superior, S. Tomás de Córi, em perfeita harmonia de intenção e ação.
Delicado na direção espiritual e extremamente compreensivo e paciente, embora por temperamento fosse arrebatado e fogoso, Teófilo de Corte não encontrou facilidades no seu empenho de promover os Retiros. O apostolado de pregação popular mostrava-se extremamente eficaz depois da intensa preparação feita nos Retiros. Teófilo aparecia no meio ritmo de fé e de entusiasmo.
Superou as mais diversas dificuldades com doçura e tenacidade, suavizando todas as asperezas. Uma das mais importantes manifestações de reconhecimento veio-lhe da parte do último descendente dos Médicis , ao apoiar na Toscana a sua obra, que como sempre a princípio foi cheia de dificuldades e obstáculos.
Em Fucécchio, onde era guardião do convento, sobreveio-lhe a morte aos 64 anos de idade, no dia 19 de maio de 1740, depois de haver pedido perdão aos confrades por coisas que sua delicadíssima consciência considerava faltas, mas que para os outros eram outras virtudes, dignas dum santo.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

18 de maio: São Félix de Cantalício

 Apesar de ser campesino por nascimento, pois era natural de Cantlício, região situada ao pé dos Apeninos, não longe de Riéte, Félix foi umas das figuras mais populares e mais típicas da Roma de mil e quinhentos. Até aos 30 anos trabalhou nos campos. Só depois foi para a cidade, a Roma papal, mas não com intenção de usufruir das diversões citadinas nem de melhorar a sua humilde condição de pobre rústico.
Entrou como religioso nos frades menores capuchinhos, e desde 1574 até a morte foi esmoleiro do convento de São Nicolau (agora da Santa Cruz dei Lucchési). Percorria as ruas de Roma a pedir esmolas não só para o convento, mas sobretudo para os pobres e doentes seus protegidos. Dizia sempre “Deo gratias” (graças a Deus!), tanto a quem lhe dava esmola como a quem lha recusava; por isso lhe clamavam “o irmão Deo Gratias”.
Impregnado de espírito religioso, era ao mesmo tempo humilde e sábio, com uma sabedoria toda sobrenatural. Ensinava às crianças canções fáceis e devotas, que ele mesmo dirigia. O apóstolo florentio dos romanos, São Filipe de Néri, logo que o  dele. Quando o encontrava na rua, publicamente lhe pedia conselhos e orientações. A simplicidade franca e popular de Frei Félix fazia dele alvo de admiração. Também São Carlos Borromeo manifestou por ele grande estima, da mesma forma que muitos outros ilustres prelados, que reconheciam nesse franciscano, inculto mas inspirado por Deus, uma extraordinária capacidade espiritual. A Sisto V prognosticou o papado, e exortou-o a proceder com retidão. Cardeais e prelados inclinavam-se diante deste aldeão vestido de hábito franciscano.
Félix era um místico por temperamento. Dormia apenas três horas por noite; o resto passava-o na igreja em oração e contemplação dos mistérios da vida de Jesus. Comungava todos os dias. Nas festividades litúrgicas costumava visitar as “sete igrejas”, ou visitava doentes em diversos hospitais. Dedicou terna devoção à Virgem Maria, que muitas vezes lhe aparecia e entregava o Menino Jesus, a quem ele estreitava amorosamente nos braços. Nos contatos diários com o povo, foi precioso conselheiro espiritual tanto da gente humilde como da aristocracia da Roma renascentista. Muitos anos após sua morte, ainda havia senhoras e jovens que cantavam cânticos compostos e ensinados por ele.
Terminou a vida terrena com 72 anos de idade, a 18 de maio de 1587, arrebatado numa visão da SS. Virgem. O seu túmulo, na igreja dos capuchinhos de Roma, tornou-se um lugar de milagres.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

17 de maio: São Pascoal Bailão

 Filho de Martinho Bailão e de Isabel Jureba, Pascoal nasceu em Torre formosa, no reino de Aragão (Espanha), no dia de Pentecostes de 1540, 16 de maio. Desde criança deu provas inequívocas de piedade, com o amor intenso à oração e uma particular devoção à Eucaristia, que caracterizou toda a sua vida religiosa.
Nascido em um ambiente rural, passou a juventude a apascentar rebanhos, e teve de esperar muito antes de ser admitido no convento de Monforte, em Valência, junto do qual exercia o oficio de pastor, apesar de a sua vida diária ser sincronizada com a dos frades pelo toque dos sinos do convento: quando eles oravam, também ele orava, quando cantavam, ele cantava, quando celebravam funções sagradas na igreja, participava nelas em espírito.
Admitido por fim à vida franciscana, nunca passou, aos olhos do mundo, de um <<humilde irmão esmoleiro>>, modesto e serviçal. Mas por debaixo do hábito desbotado e remendado escondia-se um coração inflamado em amor para com o sacramento da Eucaristia, que para Pascoal Bailão representava o desejo mais profundo, a esperança mais consoladora e a certeza mais luminosa.
Passava em oração na igreja todo o tempo que pudesse, e o mais perto possível do sacrário. Com frequência entrava em êxtase durante a missa, no momento da consagração. A qualquer lugar aonde fosse, nas longas viagens que tinha de fazer como esmoleiro, ao entrar no povoado ou na cidade, a primeira saudação era para o hóspede divino do sacrário.
Esse fogo de amor alastrou aos irmãos do convento, ultrapassou os muros de Monforte, e ateou um incêndio em todas as regiões vizinhas. Em volta desse humilde irmão e seguindo o seu exemplo, a devoção à Eucaristia estendeu-se a toda a Espanha, despertou outras consciências e inflamou outros corações.
Favorecido com carismas místicos, com o dom dos milagres e uma sabedoria infusa, apesar de iletrado e inculto, era procurado muitas vezes por pessoas ilustres em busca de algum bom conselho, No regresso duma delicada e perigosa missão a Paris, onde foi entregar ao ministro geral da ordem importantes documentos enviados pelo seu ministro provincial, chegou a compor um pequeno livro de sentenças referentes à presença real de Jesus na Eucaristia e ao poder divino transmitido ao Romano Pontífice.
Debilitado pelas contínuas mortificações e penitências, Pascoal tinha completado 52 anos quando teve o pressentimento de que se aproximava a sua última hora. Veio a falecer no convento do Rosário de Vila Real, perto de Valência, a 17 de maio de 1592, durante a celebração da Eucaristia na igreja conventual, no momento exato da consagração. Foi enorme a afluência de gente que veio render homenagem ao humilde irmão, cuja santidade foi ilustrada com numerosos milagres. Em 1897 Leão XIII proclamou-o padroeiro das Associações e Congressos Eucarísticos.

terça-feira, 15 de maio de 2012

16 de maio: Santa Margarida de Cortona

 Nasceu em Laviano, pequeno povoado da Toscana, em 1247, duma família rural. Aos 8 anos de idade faleceu-lhe a mãe, e toda a sua adolescência foi afetada pelo mau humor da madrinha. Aos 16 anos, cansada dos contínuos maus tratos, aceita a proposta de um jovem nobre de Montepulciano, de nome Arsénio, e foge de casa, indo viver em uma choça de caça do rapaz. Dessa união nasceu um filho.
Passados 9 anos, Arsénio foi assassinado numa corrida de caça no bosque de Petrignano, Margarida, guiada por um cão, encontrou o corpo exânime do amante escondido junto de um carvalho. Foi o raio da graça divina que provocou a sua conversão. Rejeitada pelos pais de Arsénio, Margarida volta a Laviano com o filho. Pede perdão ao pai, mas este, instigado pela mulher, recusa-se recebê-la em casa.
Escorraçada assim pelos familiares, Margarida,com o coração despedaçado, dá largas à sua dor e pede publicamente perdão a toda a gente pelo escândalo provocado pela sua vida. Depois de luta prolongada contra as forças do mal, que tentavam atraí-la de novo para a vida mundana, inspirada por Deus e com a ajuda da graça, dirige-se a Cortona e submete-se à direção espiritual dos frades menores.
Enquanto duas nobres senhoras dessa cidade lhe davam acolhimento, o filho foi estudar para Arezzo, onde se fez franciscano e sacerdote. A mãe entretanto dedicava todos os cuidados maternos a aliviar os sofrimentos dos pobres, doentes e abandonados. Após três anos de prova, foi recebida na TOF, onde melhorou a sua vida ascética. Um dia, recolhida em oração diante do crucifixo da igreja de São Francisco, ouve a voz de Cristo a perguntar-lhe: <<Que queres de mim, pobrezinha?>>. E ela responde: <<Não quero nada, Senhor, senão a ti!>>. Este sublime diálogo marca o início de um estupendo programa de vida. Margarida avança rapidamente no caminho da perfeição, sustentada por uma fé inquebrantável e por uma caridade seráfica. Em 1286 funda um hospital para acolher doentes pobres. O P. Junto Bevenháti, seu confessor e biográfo, orienta-a com prudência e energia, e tem de intervir para refrear penitências, flagelações e prolongados jejuns, para atenuar o seu excessivo trabalho e demoradas vigílias.
Os últimos nove anos da vida passa-os numa estreita cela, entre êxtases e orações. Muitas pessoas vão ter com ela pedindo conselhos, orientação e conforto. Até Dante Alighiéri vai a Cortona para se encontrar com a santa. Com 50 anos de idade, ao despontar o dia 22 de fevereiro de 1297, Margarida passa a usufruir da felicidade eterna, abandonando a terra para continuar no céu a sua missão de amor.

15 de maio: Humiliana de Cérchi


Nasceu em Florença, filha de Olivério dei Cérchi, descendentes de antigos senhores feudais. Por perder a mãe quando era ainda criança, foi educada pela madrasta Ermelina, consanguínea de São Filipe. Em 1234, com apenas 15 anos, foi por vontade dos familiares dada como esposa a um usurário nobre. Nesse casamento de puro interesse viveu cinco anos, e dele resultaram duas filhas. Com um feitio completamente diferente do marido, teve a sorte de durante esse período ser amparada por uma dedicada parenta de Ravena. Todos os dias dedicava logo pela manhã algum tempo à oração mental; chegava a privar-se de alimentos e roupas para alimentar e vestir os pobres:  a todos dava exemplo de autêntica piedade e caridade.
Em 1239, aos 20 anos de idade, ficou viúva. Renunciou a parte do dote para liquidar as dívidas do defunto marido, e dedicou-se com mais empenho à educação das filhas. Transcorrido o ano da viuvez, voltou para a casa paterna, forçada a deixar as filhas aos consanguíneos do falecido esposo. Confirmou uma vez mais o propósito de viver em castidade, rechaçando propostas e ameaças dos familiares, que queriam que ela voltasse a casar. Várias vezes pediu às clarissas de Monticélli para admitirem no mosteiro, mas em vão. Resignada a viver no mundo, escolheu para diretor espiritual o franciscano Beato Miguel dos Albertos, e progrediu em especial na contemplação de Jesus crucificado. Em 1240 recebeu o hábito franciscano da penitência na igreja de Santa Cruz: foi à primeira cristã a fazer-se franciscana em Florença, logo seguida por muitas outras santas mulheres.
Em 1241 pediu e obteve do papa autorização para viver isolada na torre dos Cérchi, ao pé da Praça da Senhoria. Mas mesmo nesse isolamento sofreu perseguições e contrariedades. Privada dolosamente de grande parte dos bens, em vez de se irritar, até se alegrou com isso e deu esmolas, distribuindo pelos pobres o pouco que lhe restava. Foram muitos os carismas com que Deus a agraciou: êxtases, espírito profético e poder taumatúrgico.
Muitos episódios da sua vida mereceram ser inscritos em florilégios legendários, como o de ser curada duma chaga dolorosa por meio dum sinal da cruz traçado por mão invisível, ou de fazer com que água substituísse o azeite para alimentar a lamparina do Santíssimo. Pela madrugada, o despertador para a oração da manhã era o seu Anjo da Guarda. Uma vez, morta de sede, veio a Virgem Maria dar-lhe de beber. Outras vezes era Jesus que para ela se alimentar lhe dava pão e lhe transformava a água em vinho. O mesmo Jesus lhe ressuscitou uma filha, acometida de morte súbita. Quando Satanás vinha tentá-la com alucinações e seduções, ou então meter-lhe medo com imagens repelentes, a sua firmeza de fé defendia-a sempre desses assaltos.
Rodeada já em vida dessa auréola de santidade, morreu a 19 de maio de 1246, com a idade de 27 anos, e foi sepultada na igreja de Santa Cruz.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

14 de maio: São Crispim

 São Crispim nasceu em Viterbo de uma humilde família, a 13 de Novembro de 1668. Recebeu no baptismo o nome de Pedro Fioretti. Eram seus pais Ubaldo e Márcia que lhe deram uma profunda e cuidadosa educação cristã.
Frequentou os primeiros anos da escola. Apesar da sua frágil constituição física, logo se começou a impor penitências voluntárias. O seu primeiro trabalho foi o de aprendiz de sapateiro.
Desejoso de levar uma vida austera e de se consagrar a Deus, a 22 de Julho de 1693, foi admitido no noviciado dos Capuchinhos em Palanzana, junto à sua terra natal. Feita a profissão religiosa, logo a seguir, foi destinado ao Convento de Tolfa, como ajudante de cozinha.
A sua personalidade de asceta, o seu estilo de cantor do bom Deus e de Nossa Senhora, bem depressa mostraram aquilo que iria ser. Amante da pobreza, dotado de espírito generoso e sensível às manifestações da alegria, cheio de caridade e de atenções fraternas para com os pecadores, os pobres, os encarcerados e as crianças abandonadas, sabia tornar-se útil e agradável nos mais variados ofícios. Era, ao mesmo tempo, encarregado do quintal, enfermeiro, cozinheiro e ainda ia pedir esmola de porta em porta.
Jovial por temperamento e por coerência com o ideal franciscano, sabia fazer amar a virtude e consolar os que sofriam. Com simplicidade edificante, entoava canções, compunha e recitava poesias. Levantava pequeninos altares a Nossa Senhora, sua Mãe e Senhora dulcíssima. A um seu irmão que lhe chamava a atenção por este seu modo de ser e de se comportar como inconveniente para o estado religioso, ele respondia: Eu sou o arauto do grande Rei. Deixai-me cantar como São Francisco. Estes cantos hão-de fazer bem ao espírito de quem me ouve. Sempre, é claro, com a ajuda de Deus e da sua grande Mãe.
A sua confiança sem limites na Divina Providência e a sua união com Deus foram muitas vezes premiadas com milagres e carismas. Era procurado por prelados, nobres e sábios que lhe pediam conselhos, porém, nunca mudou a sua atitude simples e modesta.
Durante 40 anos pediu esmola, de porta em porta, em Orvieto e arredores, procurando os meios necessários de subsistência para a sua comunidade e para os necessitados da "grande família de Orvieto". Neste trabalho praticou obras notáveis no campo da assistência e no campo religioso, sobretudo com os doentes, os encarcerados, as mães solteiras, as famílias pobres, as pessoas desesperadas. Homem de paz, no meio dos seus irmãos, no seio das famílias, entre os cidadãos, entre o povo e a autoridade civil ou religiosa e, tudo isto, sempre com uma santa alegria.
Devotíssimo do Santíssimo Sacramento e de Nossa Senhora, foi cumulado de sabedoria celeste que o levava a ser consultado, como se disse, por homens da cultura.
Desgastado pelo trabalho e pelas penitências, passou os últimos anos da sua vida em Roma, no Convento da Imaculada Conceição, na rua Vittorio Veneto.
O Cardeal Trémouille, embaixador do rei de França, encontrando-se gravemente doente, pediu que lhe chamassem o nosso santo que o curou com a sua oração. De outra vez, quando o Papa Clemente XIV tomava parte na eucaristia da igreja dos Capuchinhos, um dos seus camareiros foi acometido de dores gravíssimas. Era frequente suceder-lhe este fenómeno. Médico algum conseguia descobrir a cura para o seu mal. São Crispim levou-o diante do altar de Nossa Senhora e a cura foi instantânea. No dia 19 de Maio de 1750, com 82 anos de idade, entrega santamente sua alma ao Pai.

fonte: http://www.sitenarede.com/irclarissacap/sao_crispim_de_viterbo

13 de maio: Beatos João de Cetina e Pedro de Dueñas

 João Lourenço, nascido em Cetina (Aragão – Espanha), depois de ter estado ao serviço de um nobre senhor, passou a viver como eremita perto de Múrcia. Ao voltar a Aragão, tomou o hábito franciscano entre frades menores de Monzon. Feito os estudos no convento de São Francisco em Barcelona, e ordenado sacerdote, dedicou-se com êxito à pregação. Ao chegar à notícia do martírio de São Nicolau Tavelic e companheiros em Jerusalém (1391), foi a Roma pedir a Bonifácio IX licença para ir à Terra Santa. O papa indeferiu esse pedido, mas concedeu-lhe autorização para pregar o evangelho entre infiéis.
Ao regressar a Espanha, por volta de 1395, Fr. João dirigiu-se a Córdova. Incorporado no novo convento de São Francisco do Monte, passou a levar ali uma vida contemplativa, juntamente com Frei Pedro de Duenãs (Palência).

Pedro nasceu em Dueñas e entrou muito novo na ordem dos frades menores como irmão leigo. Contava uns 18 anos, e pouco depois de ter consagrado ao Senhor com a profissão religiosa, recebeu a proposta do Fr. João de Cetina de ser seu companheiro na árdua missão de evangelizar os mouros. Aceitou-a com entusiasmo, tanto mais que ele tinha sido o seu mestre no noviciado.
Obtida a licença dos superiores dos superiores para irem pregar o evangelho aos mouros de Granada, entraram os dois nessa cidade num domingo (7 de janeiro de 1397), cheios de alegria por poderem anunciar Cristo a tantos pobres e infiéis irmãos. O objetivo da sua missão era sublime: anunciar a fé cristã aos sarracenos. Mas não tardou a serem presos e levados à presença do Cadi, que os interrogou sobre os seus intentos. Os dois religiosos responderam sem hesitar que tinham ido a Granada para pregarem aos mouros a fé em Cristo e os exortarem a abandonarem a religião de Maomé. O Cadi riu-se dessas pretensões, considerou-os meio malucos, e aconselhou-os a que, se quisessem salvar a vida, abandonassem quanto antes à cidade. Mas eles, intrépidos, insistiram na necessidade da fé cristã, a única e verdadeira, para a salvação.
Movido por um impulso divino, João propôs o ordálio do fogo, mas o Cadi não aceitou o repto, e deu ordens para que fossem levados a casa de algum cristão e em seguida expulsos da cidade. Depois de algum tempo de silêncio, voltaram a aparecer nas praças públicas a anunciar a fé cristã. Os sarracenos levantaram-se então contra eles, e acusaram-nos de novo no tribunal do Cadi, de perturbação da ordem pública e blasfêmia contra o Profeta.
Os ardorosos candidatos ao martírio quiseram então preparar-se para o holocausto com confissão e benção do confrade português, P. Eustáquio, capelão de comerciantes cristãos, e depois foram eles mesmos apresentar-se ao Cadi. Foram condenados a prisão, e juntamente com escravos cristãos, a trabalharem no cultivo de vinhas.
A vida dos dois religiosos transformou-se num prolongado suplício, mas sentiam-se felizes por sofrerem por amor de quem sofreu e morreu para salvar a humanidade. Nos dias festivos, Frei João instituía na fé os companheiros de prisão, alguns dos quais se mostravam vacilantes ou já mesmo tinham perdido a fé. Celebrava missa num quarto pequenino e pobre, mas que assim se sentiam fortalecidos e mais confiantes em Deus, que declarou felizes os que sofrem por causa da justiça.
A prisão dos dois confrades durou mais de dois meses. De dia eram obrigados a trabalhos extenuantes, e de noite, na cadeia, depois dum breve repouso, dedicavam-se a oração. Devido a inclemência da vida, Fr Pedro adoeceu gravemente, e por três semanas esteve entre a vida e a morte, com febre altíssima. Mas conseguiu recuperar a saúde, e ficou contente por poder dar a Deus o testemunho supremo do seu amor, com o martírio sonhado. No segundo domingo da Páscoa, o Beato João dirigiu um vibrante discurso a cristãos e muçulmanos, explicando a passagem do evangelho do Bom Pastor. O Cadi mandou chamar os dois missionários e fez-lhes um interrogatório demorado. Contudo, nem as promessas nem com ameaças conseguiu demovê-los da fé. Furioso, arremeteu contra o Beato João, fez-lhe um golpe terrível na cabeça, e mandou decapitá-lo.
Esperava o Cadi que o jovem Fr. Pedro, perante o corpo exânime do mestre, mudasse de parecer e abjurasse da fé cristã. Ainda tentou aliciá-lo com promessas de riquezas, prazeres e honras. Mas irritado por não conseguir o seu intento, com um golpe de cimitarra decepou a cabeça do jovem mártir, que contava 18 anos.
Passados alguns anos, as suas relíquias foram resgatadas por uns negociantes da Catalunha e enviadas aos conventos franciscanos de Sevilha e de Córdoba, e à catedral de Vich. Em 1583 a província franciscana de Granada escolheu-os como seus padroeiros.