João
de Santa Marta nasceu em Tarragona, Espanha. Aos 8 anos era menino do coro,
cantor, na catedral de Saragoça; começou então a estudar latim e a dedicar-se
mais a fundo à arte musical, vindo depois a fazer parte do grupo coral da
catedral de Samora. Ingressando em seguida na ordem franciscana, preocupou-se
com ser fiel à graça da vocação, tender à perfeição e tornar-se modelo de
virtudes religiosas.
Ordenado
sacerdote, sentiu-se inspirado por Deus a dedicar-se ao apostolado entre
infiéis. Partiu para as Filipinas com Frei Sebastião de S. José e outros 30
missionários franciscanos, muitos dos quais não tardariam a dar a vida por
Cristo.
Das
Filipinas passou ao Japão, onde abriu uma escola de música que chegou a reunir
mais de 400 alunos, a quem ensinava canto, órgão e outros instrumentos. No
Japão exerceu durante 10 anos um intenso apostolado, evangelizando várias
províncias. Encarregado de orientar superiormente a missão de Fuscimi,
mostrou-se um autêntico apóstolo de Cristo, infatigável na ação missionária.
Fiel ao espírito da pobreza seráfica, usava uma túnica remendada e andava
descalço, sem sandálias, mesmo na estação mais rigorosa. Tais exemplos de
virtude merecem a veneração dos cristãos e a admiração dos próprios pagãos.
Quando
foi promulgado o édito da perseguição em 1614, Fr. João de Santa Marta foi
desterrado. Não tardou muito, porém, a regressar ao Japão, disfarçado de japonês,
e escolheu precisamente as províncias onde a perseguição era mais violenta. O
santo missionário visitava os cristãos nas suas casas, fortalecia os
vacilantes, reconduzia ao seio da Igreja os apóstatas, administrava os
sacramentos, e celebrava missa todos os dias, ora num lugar, ora noutro. À
noite nunca dormia em qualquer casa: recolhia-se em qualquer sítio abrigado,
num monte ou num bosque, e aí repousava.
Apesar
de todas as precauções, veio a ser apanhado e metido em prisão, onde viveu três
anos no meio de indizíveis sofrimentos. Por isso foi com certo alívio que viu
aproximar-se o dia da última prova. Nem mesmo enquanto o conduziam ao suplício
ele deixou de pregar o Evangelho, terminando por entoar o Te Deum em ação de graças. Ao chegar ao lugar do martírio, orou
pelos perseguidores, ergueu os olhos ao céu, e ofereceu a cabeça ao machado do
verdugo. Era o dia 16 de agosto de 1618, e o quadragésimo ano da vida do
mártir. Alguns fragmentos do seu corpo desconjuntado, recolhidos por cristãos e
rodeados de veneração, deram origem a prodígios.
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