Taikosama, imperador do Japão entre 1582 e 1598, nos primeiros anos do governo foi favorável aos cristãos. Após a desastrosa guerra com a Coréia, pretendeu dominar as ilhas Filipinas, que estavam sob domínio dos espanhóis. Perante a resistência destes, em 24 de julho de 1587 promulgou um édito de proscrição dos cristãos. Contudo, a ação missionária continuou e Taikosama engavetou o decreto, mas foi seguindo atentamente, por meio de espiões, os movimentos dos missionários.
Em 1593, alguns franciscanos, chefiados por São Pedro Batista, partiram de Manila para o Japão e foram recebidos cordialmente pelo imperador. Fundaram dois conventos e dedicaram-se com afinco à evangelização dos nipônicos. Mas uma série de circunstâncias desfavoráveis reavivaram as hostilidades entre a Espanha e o Japão.
A 8 de dezembro de 1596, Taikosama mandou prender em Osaka seis franciscanos e três jesuítas e, em 31 de dezembro, em Meaco, 15 franciscanos da OFS, aos quais se juntaram durante a viagem mais dois. Aos religiosos transportados para Meaco aplicaram um castigo que se usava com criminosos: foi-lhes cortada a orelha esquerda, fizeram-nos subir para carros e percorrer várias ruas das mais movimentadas, para serem vistos pelo maior número de pessoas, no intuito de infundir terror aos cristãos e aumentar o sofrimento dos mártires. No entanto, o povo mostrava-se consternado e procurava socorrê-los. De Meaco, passando por Secai, Korazu e Facata, chegaram no dia 5 de fevereiro a Nagasaki, à Colina Santa, lugar da execução, que se realizaria por crucifixão. Assistiram a esse espetáculo macabro, numerosos cristãos e marinheiros portugueses.
Contava-se entre as vítimas Tomás Danki, natural de Ize, colaborador dos missionários e fervoroso terceiro franciscano. Da mesma forma que outros mártires, com o rosto radiante de admirável serenidade, desde esse púlpito continuava a pregar a fé em Jesus Cristo. Eram dez horas da manhã quando os esbirros, de lanças em riste, esperavam a ordem do governador para desferirem contra as vítimas o golpe mortal. Os carrascos assassinaram primeiro os religiosos e, em seguida, os outros japoneses. O último dessa gloriosa falange foi São Pedro Batista, que antes de ver consumado o seu próprio sacrifício, teve a alegria de ver partir para o céu todos esses seus filhos, condecorados com a coroa do martírio.
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