quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

30 de dezembro: Beata Margarida Colonna

Margarida, descendente da célebre família Colonna, foi desde a mais tenra idade educada cristãmente pela mãe, Madalena Orsini, que tinha conhecido São Francisco em casa de seu irmão Mateus. Tendo ficado órfã, primeiro de pai e depois também de mãe, foi confiada à tutela dum irmão, João. Em 1273, depois de ter recusado um casamento rico com um nobre romeno, retirou-se para um lugar que na altura se chamava Prenestino e hoje se chama Castelo de São Pedro, onde fundou uma comunidade de Clarissas. Ali viveu e edificou o povo com uma vida em tudo exemplar, sobretudo na assiduidade da oração e caridade heróica. Distribuiu pelos pobres a sua rica herança, e recusou qualquer ajuda direta por parte dos irmãos; preferiu viver como franciscana, recorrendo à “mesa do Senhor, pedindo esmola de porta em porta”. Por ocasião duma epidemia, Margarida fez-se “toda para todos”, assistindo maternalmente aos irmãos doentes. Uma vez acolheu em casa um leproso, com ele comeu e bebeu, usando o mesmo prato e o mesmo copo, e num ímpeto de amor beijou-lhe as repugnantes chagas.
Seria longo recordar todas as manifestações da intensa vida mística de Margarida: a observância escrupulosa da regra de Santa Clara, o amor à pobreza, a contínua união com Deus, os êxtases, as efusões de lágrimas, as frequentes visões celestes, o casamento místico com o Senhor, que lhe apareceu e lhe enfiou um anel no dedo, lhe pôs na cabeça uma coroa de lírios e lhe imprimiu uma chaga no coração.
A morte de Margarida foi em tudo digna duma perfeita filha de São Francisco, que por amor da sua dama pobreza quis morrer nu sobre a terra nua. Durante os seus três últimos anos, sofria duma grave úlcera no estômago. Na noite de Natal de 1280 apareceu-lhe Maria com o Menino nos braços e deixou-a num estado de profunda exaltação. Depois de ter recebido o viático e a unção dos enfermos, pediu ao seu irmão, o cardeal Jaime, que a colocassem no chão, pois desejava morrer pobre como Jesus e São Francisco. Fizeram-lhe a vontade, mas apenas por pouco tempo, visto encontrar-se demasiado debilitada. Por fim pediu que lhe dessem um crucifixo. Depois de o beijar com muito afeto, mostrou-o às irmãs, exortando-as a amá-lo com todas as suas forças. Adormeceu por uns momentos, e voltando a si exclamou com vigor: “Aí vem a Santíssima Trindade! Adorai-a!”. Nesse instante cruzou os braços sobre o peito, fixou os olhos no céu e expirou serenamente. Era a madrugada de 30 de dezembro de 1280.
As exéquias tiveram lugar nesse mesmo dia na igreja de São Pedro no Monte Prenestino, com enorme concorrência de povo e de todos os franciscanos da região. Em 1285 as clarissas da comunidade da Beata Margarida mudaram para o mosteiro romano de São Silvestre, levando consigo os restos mortais da falecida.
Margarida aparece como uma delicada figura de mulher em quem os dotes naturais de inteligência, fascínio e sensibilidade, unidas à dignidade da sua estirpe, se inserem na árvore robusta da espiritualidade franciscana. A sua vida é como um arco-íris de paz e de esperança na tormentosa história do seu tempo.

29 de dezembro: Beato Gerardo de Valença

Gerardo Cagnoli nasceu em Valença do Pó, no Piemonte italiano, cerca de 1270. Após a morte da mãe, ocorrida em 1290, e sem pai, que já falecera anteriormente, abandonou o mundo e fez-se peregrino, mendigando o sustento e visitando santuários.
Impressionado pela fama de santidade do franciscano S. Luís de Anjou, bispo de Tolosa, ingressou na Ordem dos Frades Menores num convento da Sicília, onde fez o noviciado e viveu depois algum tempo. Depois foi transferido para outro convento na capital, para desempenhar o ofício de porteiro, e ali permaneceu até a morte, objeto de admiração tanto por parte dos confrades como dos fiéis pela sua vida exemplar.
Junto da porta do convento plantou um cipreste e montou um pequeno altar em honra de Maria e de S. Luís de Anjou, de quem era muito devoto, e encarregou-se de ali ter sempre acesa uma lamparina de azeite. Quando acontecia virem ter com ele doentes a suplicarem a sua intercessão, ensopava nesse azeite um raminho de cipreste e aspergia o enfermo, depois de lhe ter dirigido palavras de consolação. Na aspersão usava a seguinte fórmula: “Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, pela intercessão da Virgem Maria, de S. Francisco e de S. Luís, fica livre dessa doença”. E os milagres de cura eram freqüentes.
Certo Magistrado de justiça do rei foi acometido de grave enfermidade, a ponto de não haver esperança de cura. Com último recurso chamaram Frei Gerardo, que consolou o doente com palavras de esperança e se prostrou em profunda e silenciosa oração. Dentro de poucos instantes o doente conseguiu levantar-se do leito, completamente restabelecido. Dormia poucas horas por noite, usando por colchão umas simples tábuas, mortificava o corpo, vivia em contínua oração e íntima união com Deus. Tal era o seu teor de vida.
Tinha passado mais de 30 anos na ordem franciscana, quando na festa de S. João Evangelista de 1345 lhe apareceu a Virgem e lhe assegurou que dentro de dias iria encontrar-se com ela no céu. Gerardo ficou contentíssimo com a notícia, recebeu devotamente os sacramentos e adormeceu serenamente no sono dos justos. Contava 75 anos. O seu sepulcro tornou-se meta de peregrinação de muitos devotos que a ele acorriam, num culto ininterrupto. Os seus despojos mortais repousam na igreja de S. Francisco em Palermo, a poucos passos da porta do convento que por longos anos foi testemunha da sua santidade.   

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

28 de dezembro: Serva de Deus Teresa Gardi

Nasceu em Ímola (Bolonha), a 22 de outubro de 1769, e ali mesmo morreu no primeiro de janeiro de 1837. Quando era bispo de Ímola, o futuro papa Pio IX determinou que fosse sepultada na igreja da Observância, onde ainda se encontra. Entrou na ordem franciscana secular a 13 de outubro de 1801.
É uma das mais doces criaturas da província da Romanha, na Itália sententrional. Se tivesse nascido na França, seria considerada uma segunda Teresa do Menino Jesus. Seria tida por uma grande santa, se as pessoas beneficiadas tivessem deixado documentação precisa dos favores por seu intermédio recebidos. Mas nesta região as forças ateias e materialistas e o ambiente anti-clerical aconselham muita prudência e silêncio.
Desde criança se mostrou uma menina diferente de todas as outras, angélica, com muito gosto de ir à igreja, e receber a Eucaristia, cheia de fé e de fervor. O seu amor a Deus fazia com que desejasse morrer para ir ter com ele. Cultivou a pureza “como um verdadeiro anjo encarnado”, como escreveu o seu confessor. Quis que o sofrimento fosse o seu pão de cada dia. Levantava-se muito cedo, comia e bebia pouco, de modo que praticamente vivia quase só da santa Comunhão.
Além disso, considerava-se como não valendo nada, sentindo e adorando só o poder de Deus. Na fé e na esperança foi heróica. Embora amasse toda a gente, dedicava um carinho especial às crianças que como educadora de infância recebia em sua casa. Sofreu vexames e calúnias, mas levou paz e concórdia a casas divididas por rixas e discórdias. Atraiu pecadores à conversão, por vezes à custa de grandes sofrimentos. Era exímia e prudente no governo da casa, e duma fidelidade e justiça escrupulosa para com o próximo e para consigo mesma, pontual no cumprimento dos deveres como mestra das crianças. Ultrapassa tudo quanto se possa imaginar a sua humildade e a coragem em suportar tribulações e doenças e o triunfo nas tentações do inimigo.
As suas amigas mais íntimas viram-na várias vezes em êxtase. Viveu uma experiência espiritual intensa e rica de contatos pessoais com o divino. Foi estigmatizada, mas não visivelmente, a não ser numa grande chaga ao lado do peito, que ainda foi vista após a morte. Recebeu do céu extraordinários carismas, entre os quais se podem destacar as intervenções para converter, sanar e unir famílias desavindas.
Desde há 150 anos continuam a acorrer à Observância de Ímola pessoas, de perto e de longe, a rezar junto do seu túmulo. Sob o ponto de vista da sua estatura espiritual, é ela sem dúvida a figura mais eminente da cidade de Ímola de todos os tempos. O seu processo de beatificação foi retomado, em vista dos últimos testemunhos escritos referindo graças recebidas por seu intermédio.
       

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

27 de dezembro: Beato Frederico Ozanam

Antônio Frederico Ozanam, nascido em Milão a 23 de abril de 1813, descendia duma antiga estirpe israelita de Lião. Nessa cidade, onde o pai era médico do hospital, recebeu a primeira educação e instrução entre 1822 e 1829. Contava apenas 15 anos quando a sua juventude foi abalada por uma profunda crise de fé. Mas teve a sorte de ser acompanhado pelo P. Noirot, seu professor de filosofia, que mais do que ninguém o ajudou a superá-la. Toda a sua vida ficou marcada pela sombra benéfica desse sacerdote, que foi capaz de incutir no jovem a sua vocação de apologista e apóstolo.
Em 1831, enviado pelo pai a Paris para empreender estudos jurídicos, durante dois anos esteve hospedado em casa do cientista André Maria Ampêre, e freqüentou aquele viveiro de jovens esperanças que Manuel Baily reunira em torno de si para a defesa da religião católica. Foi nesse ambiente que Ozanam se tornou um dos protagonistas da fundação da Pia Sociedade das Conferências de São Vicente de Paulo a 23 de abril de 1839.
A 30 de agosto de 1836 já tinha completado o curso de direito em Paris, e três anos mais tarde doutorou-se também em letras. Em 1840 era professor de direito comercial em Lião. Pela morte dos pais deixou essa cidade, e em 1841 era adjunto de Fauriel, na faculdade de Letras de Paris. Depois foi seu sucessor, exercendo sobre os alunos uma influência salutar, pela persuasão e calor das suas exposições, e travando conhecimento e amizade com personalidade eminentes do mundo literário e católico. Começou então a acariciar um vago desejo de vida religiosa. Na impossibilidade de realizar esse sonho, fez-se Terceiro Franciscano, cuja espiritualidade o seduziu. Em 1841 casou com a filha do reitor da universidade onde lecionava, e dele teve uma filha. A ambas amou com ternura na mais suave felicidade familiar. Os seus compromissos universitários obrigaram-no a contínuas viagens de estudo por toda a Europa, em especial pela Itália.
A vida de Ozanam constitui uma bela página da história da Igreja, e o seu nome anda ligado à sociedade de São Vicente de Paulo. O método por ele adotado era o da visita domiciliária aos pobres, a quem levava palavras de consolo e de fé, além do socorro da caridade. Graças a ele, a sociedade de São Vicente de Paulo teve desde o início um desenvolvimento extraordinário: apenas um ano após a fundação, os membros já eram uma centena; dez anos mais tarde, o mesmo Ozanam podia dizer: “De oito que éramos a princípio, hoje, só em Paris já somos 2.000 e visitamos 5.000 famílias”. Atualmente os agregados às conferências de São Vicente de Paulo superam 1.250.000 membros.
A 8 de setembro de 1853, assistido pela esposa, pela filha, por um irmão padre e outro médico, e ainda por confrades do seu instituto, faleceu em Marselha, com a idade de 40 anos.

domingo, 25 de dezembro de 2011

26 de dezembro: Beato Bentivoglio de Bonis

Natural de São Severino das Marcas, Bentivoglio, depois de ouvir uma série de pregações do fervoroso franciscano Paulo de Espoleto, dirigiu-se a Assis, onde o próprio São Francisco o admitiu à Ordem dos Frades Menores.
Ordenado sacerdote, foi um modelo de perfeição cristã, agraciado com o dom dos milagres. O pároco da sua terra natal, Masseu, depois de ter assistido a um dos seus êxtases, resolveu também abandonar o mundo e entrar não ordem franciscana, e o mesmo fizeram seus dois irmãos.
Durante algum tempo Bentivoglio viveu sozinho num convento, para assistir e tratar um leproso. Quando um dia os superiores o mandaram ir para outro convento, distante cerca de 20 quilômetros, para não deixar ao abandono o pobre enfermo, pegou nele e levou-o às costas para a sua nova casa, com admiração e espanto de todos.
Empenhando-se valorosamente na vida de abnegação e penitência, veio a ser um modelo de humildade, obediência e caridade. O seu zelo pela salvação das almas tornava-o incansável no exercício do ministério apostólico, tanto no púlpito como no confessionário: a sua palavra inflamava as almas no amor divino. Uma ocasião, enquanto pregava ao povo, foi vista sobre a sua cabeça uma estrela brilhante, que lhe iluminou todo o corpo. Com tal prodígio quis Deus por certo recompensar o seu trabalho de evangelização.
Bentivoglio sentia sincera compaixão pelos pobres, em que via a imagem de Cristo. Foi também favorecido por Deus com o dom dos milagres. Com freqüência foi visto em êxtase, elevado no ar e rodeado de luz. Esse espetáculo comoveu e converteu muita gente.
Depois duma vida rica em virtudes e boas obras, entregou a alma a Deus no convento de São Severino, sua terra natal, no dia de Natal de 1232. Tinha 44 anos e foi sepultado na igreja do convento, e os fiéis apinharam-se à volta do túmulo para prestarem homenagem a esse humilde frade menor cujos restos Deus glorificou com muitos milagres.


25 de dezembro: Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo


Nós do Blog Franciscanos para cada dia queremos desejar a todos os visitantes e especialmente aos membros um feliz e abençoado Natal. Que o menino Deus possa nascer nos corações de todas as pessoas do mundo, para que possamos realmente mudar esse mundo para melhor, sem violência, sem guerra e sim, com muita paz e alegria, pois o Reino do Céus começa aqui.

Um FELIZ NATAL!

sábado, 24 de dezembro de 2011

24 de dezembro: Serva de Deus Maria Teresa Lega

À menina que nasceu a 13 de janeiro de 1812, os pais deram no batismo o nome de Ana, e na infância esforçaram-se por valorizar na filha os dons que Deus lhe deu. A fim de lhe proporcionarem uma melhor formação e mais sólida educação religiosa, aos 12 anos confiaram-na ao cuidado das irmãs dominicanas do colégio Emiliani de Fognano, onde viveu durante sete anos.
Ao regressar à casa paterna, percebeu com mais nitidez a voz do Senhor a chamá-la à vida consagrada. Contudo, antes de poder realizar o seu ideal, tem de travar uma dura batalha contra os próprios pais, que se opõem aos seus planos. Só três anos mais tarde a sua persistência consegue demovê-los. Então com a sua bênção regressa ao mosteiro de Fognano, onde, após o ano de noviciado, a 27 de setembro de 1835 emite os votos de consagração religiosa. Nessa altura muda o nome para Maria Teresa da Exaltação da Santa Cruz, um presságio da futura forma de vida a que o Senhor a chamaria.
Maria, com Jesus e José na Sagrada Família, Teresa, como Teresa de Ávila, fundadora dum novo instituto, Exaltação da Santa Cruz, em memória de Francisco, o estigmatizado do Alverne.
Foi intensa a sua atividade no mosteiro de Fognano, onde tinha um trabalho dobrado. Um encargo importante era o de acompanhar, instruir e formar, cultural e religiosamente, as jovens do colégio. Os pais das moças e as irmãs suas colegas não se cansam de elogiar a preciosa obra desempenhada por Maria Teresa como educadora e professora. Mas, além disso, desempenhou também o ofício delicado de Mestra de noviças e das jovens aspirantes à vida religiosa. Esse itinerário, maravilhoso e difícil, vai-a cada vez mais unindo a Deus e encaminhando pela vida da perfeição.
Mas havia ainda pontos menos claros na sua vida. Causava-lhe certa perturbação espiritual meditar naquela frase de Jesus: “O que fizeste, ou não fizeste, ao mais pobre dos meus irmãos, foi a mim que o fizeste ou deixaste de fazer”. É que em Fognano só se recebiam meninas de posses, e às pobres fechava-se a porta. Isto fazia-a sofrer muito. O senhor inspirou-lhe a fundação dum novo instituto onde fossem recebidas meninas pobres, abandonadas, expostas aos perigos da rua.
A fim de descobrir como realizar esse sonho e descobrir a vontade de Deus, ora, sofre, luta e pede conselho. Um precioso autógrafo do papa Pio IX de 24 de outubro de 1858 traça-lhe o caminho a seguir. Finalmente, a 16 de julho de 1871 viu realizado o seu sonho, com a fundação do instituto das irmãs da sagrada família da terceira ordem regular de São Francisco, com o fim de acolher, assistir e formar moças expostas aos perigos das ruas.
Na idade em que ordinariamente se pensa em repouso e descanso, recomeça ela uma vida ativa e dinâmica, fortalecida pelo Senhor nessa recuperação. Foram diversas as casas abertas em diversas localidades, inúmeras as meninas assistidas maternalmente, muitas as irmãs da Sagrada Família que a ajudaram nessa obra providencial. Do exemplo da Sagrada Família e de São Francisco recebeu inspiração e proteção.
No dia 27 de janeiro de 1790, com 78 anos de idade, Jesus veio chamá-la para as bodas eternas: “Tudo o que fizeste aos meus irmãos mais pequeninos considero-o como feito a mim”; “entra no gozo do teu Senhor!”. Hoje, glorificada no céu, a Madre Maria Teresa, ligada às suas filhas espirituais, continua a sua obra de assistência, enquanto elas esperam a hora da glorificação também aqui na terra da sua fundadora.

23 de dezembro: Nicolau Factor

Nasceu na cidade de Valência a 29 de junho de 1520. Dos pais recebeu uma sólida educação cristã que favoreceu a sua natural tendência para vôos espirituais. Dotado duma requintada sensibilidade e dum temperamento de artista, valorizou essas qualidades mediante o estudo das artes, em especial da pintura e da música.
Atraído pela figura do pobrezinho de Assis, aos 17 anos nos ingressou no convento dos frades menores de Santa Maria de Jesus, em Valência, onde veio a professar a regra franciscana no primeiro domingo do Advento de 1538. Ultrapassadas as etapas preliminares e ordenado de presbítero, dedicou-se com zelo ao ministério da pregação e com prudência e discrição à direção espiritual especialmente de religiosas. Depois de haver desempenhado na província franciscana de Valência os cargos de guardião e mestre de noviços, o rei da Espanha Filipe II nomeou-o diretor espiritual do mosteiro de Santa Clara em Madrid, onde viviam religiosas clarissas pertencentes à fina flor da nobreza da cidade e da corte. De Madrid passou logo a dirigir as religiosas da Trindade em Valência e depois as clarissas de Gandia.
Durante a permanência em Madrid Nicolau esteve em íntima relação com o Beato João dos Anjos, que na obra intitulada “O triunfo do amor de Deus”, escrita em Medina em 1598, lhe chama “Santo”. E em Valência travou fraterna amizade com o dominicano São Luís Beltrão.
Profundamente impressionado com a morte desse seu santo amigo, foi atormentado até ao fim da vida pela preocupação da salvação eterna. Devido a isso, insatisfeito com o seu teor de vida, pediu licença para se recolher em conventos de retiro onde houvesse maior austeridade. Satisfizeram-lhe os desejos, mas depois de experimentar dois desses conventos quase em fins de 1583 voltou ao de Santa Maria de Jesus em Valência, onde iniciara a sua carreira religiosa, e iria terminá-la em breve.
Gozou do dom dos milagres e da profecia. Os seus biógrafos contam em pormenor maravilhosas aparições e colóquios celestes com que foi agraciado por parte de Jesus e de Maria, que lhe pôs nos braços o seu divino Filho, de São José, de São João Evangelista, e de São Francisco de Assis. Por outro lado, teve também de travar lutas renhidas com espíritos malignos que com freqüência lhe apareciam, mas que ele sempre conseguia afugentar com a oração.
Recebidos os sacramentos apropriados para a viagem final, no dia do natal de 1583, aniversário da data em que os anjos voaram do céu à terra a anunciar a paz aos homens amados por Deus, a sua alma bem-aventurada voava da terra para o céu, e entrava na paz e felicidade eterna.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

22 de dezembro: Santa Francisca Xavier Cabrini


Francisca Xavier Cabrini, a última dum rancho de treze filhos, nasceu numa povoação da Lombardia e cresceu num saudável ambiente familiar de lavradores, onde se não faltava à participação diária na missa, o trabalho era considerado como uma benção e a caridade para com os pobres era prática habitual. Era ainda muito nova quando se inscreveu na terceira ordem franciscana secular, de cuja espiritualidade muito veio a beneficiar para o seu apostolado missionário.
Órfã de pai e mãe, de saúde bastante frágil, tentou ingressar nas filhas do sagrado coração e depois nas irmãs canossianas, mas devido à sua debilidade física não foi aceite. Então, valendo-se do diploma de professora, resolveu ocupar-se da educação de crianças órfãs. Sendo ela também órfã, débil e desamparada, quis dedicar a vida a assistir a órfãos, débeis e desamparados. Com a aprovação e benção do bispo diocesano, fundou o instituto das irmãs missionárias do Sagrado Coração de Jesus. Um outro bispo com quem ela se encontrou em Roma, convidou-a a dedicar-se ao apostolado de assistência a emigrantes italianos.
Nessa altura muitos italianos emigravam para as Américas em busca do trabalho. Partiam em manadas, à toa, e ao chegarem aos países estrangeiros, sem providências sociais nem assistência civil, caindo nas mãos de exploradores sem escrúpulos, passavam a ter uma vida desgraçada de miséria e ignorância. Ao conhecer a situação de milhares de emigrantes italianos privados de assistência material e espiritual na América do Norte, partiu para lá e instalou-se em Nova Iorque. Em ordem a esse apostolado atravessou o Atlântico 24 vezes. Assim começou por fazer seus amigos milhares e milhares de emigrantes amontoados no convés dos navios, acampados nos subúrbios das cidades, absorvidos pela exploração das fábricas, prostrados pela miséria, dispersos e abandonados em vastas zonas.
A professora enfermiça revelou uma resistência e energia indomável. Começou a recolher órfãos de emigrantes. Depois construiu o hospital Colombo em Nova Iorque, abriu uma escola em Buenos Aires, outro hospital em Chicago, sanatórios na Califórnia, hospícios em várias cidades americanas. A quem se mostrava espantado com tanta obra, respondia: “Não somos nós que fazemos isto; é Jesus!”. No entanto, a assistência material de pouco teria valido se a Madre Cabrini não tivesse sido uma autêntica mãe: se não tivesse estado ao lado dos emigrantes, dos abandonados, dos prisioneiros. Foi de verdade a “mulher forte”, admirada pelos homens mais poderosos do mundo americano. Desenvolveu uma atividade prodigiosa, deu vida e realizações imponentes.
Caiu nos braços da morte quando se encontrava em Chicago, no dia 22 de dezembro de 1917, aos 67 anos de idade.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

21 de dezembro: Venerável Ludovico Necchi


Ludovico Necchi, nascido em Milão a 19 de novembro de 1876, filho de um casal, mas indiferente no aspecto religioso. O pai morreu quando ele tinha 5 anos, e a mãe, parente do célebre escritor Manzoni, três anos mais tarde casou em segunda núpcias com um escultor que era incrédulo declarado. A mãe faleceu em 1904, depois de se ter reencontrado com Deus, e ao mesmo aconteceu ao padrasto, que também se converteu à fé e morreu três anos mais tarde.
Ludovico inscreveu-se aos 13 anos no liceu Parini, que frequentou até terminar os estudos liceais, e onde teve por companheiro de curso Eduardo, o futuro pai de Agostinho Gemelli, com quem travou laços de profunda amizade que o levaram à conversão. O ambiente estudantil era hostil à religião. A religiosidade de Necchi quando entrou no liceu era já resultado de conquista pessoal. Em 1893, com 17 anos, fala da sua conversão como uma completa entrega a Deus. A sua bondade natural e agudeza intelectual, corroboradas pela educação e direção espiritual de um padre jesuíta, ajudaram-no a superar a crise. Aos 20 anos inscreveu-se na faculdade de medicina da universidade de Pavia, entrando no círculo universitário “Severino Boécio”, do qual mais tarde veio a ser presidente.
Em 1900 em Roma, por ocasião do congresso internacional dos estudantes católicos, foi recebido com outros colegas em audiência privada por Leão XIII, e teve encontros com outras personalidades de renome. Convidado em 1901 a fazer parte do conselho diretivo lombardo da obra dos congressos, dedicou-se ao progresso social dos trabalhadores, favorecendo o incremento das ligas católicas para a melhoria das condições dos rurais.
Completado o curso de medicina a 30 de junho de 1902, começou, juntamente com Gemelli, o ano de serviço militar no hospital militar da Praça de Santo Ambrósio. Decorridos alguns meses, tocado pela graça e pelo testemunho de Necchi, Gemelli, anti-clerical e incrédulo, converteu-se, e terminado o serviço militar, ingressou nos frades menores. Esse grande convertido Agostinho Gemelli foi o fundador da célebre universidade do Sagrado Coração de Milão. De resto, não foi ele o único condiscípulo de Necchi que por sua influência se converteu e fez sacerdote.
Em 1905 resolveu casar, e teve três filhos desse casamento. Em conjunto com o P. Gemelli organizou o dispensário psico-pedagógico para a educação de crianças atrasadas mentais, que orientou durante dez anos, e que o estimularam a estudos e publicações sobre a neurose. Em 1908 apoiou decididamente o P. Gemelli na fundação da universidade católica de Milão. Nescchi desde a juventude pertencia à ordem franciscana secular  e vivia intensamente a sua espiritualidade.
A morte surpreendeu-o repentinamente aos 54 anos, a 10 de janeiro de 1930, a coroar uma vida dedicada ao bem dos doentes, como médico diligente e dedicado.

20 de dezembro: Serva de Deus Serafina de Jesus Farolfi


Maria Francisca nasceu em Ímola, (suedeste da Bolonha), a 6 de outubro de 1853, e morreu não longe de Forlívio (um pouco mais a sudeste), a 18 de junho de 1917 com quase 64 anos de idade.
Foi uma dessas pessoas que passam pela terra a deixar nela marcas do céu. A sua alma ardente não conhecia obstáculos nem admitia pausas. A sua delicada compleição física era compensada por uma rara força moral. Jovem inteligente, culta e vivaz, com qualidades que poderiam levá-la a sonhar com um futuro rico de belas perspectivas mundanas, ouviu a voz do Senhor a convidá-la a voar mais alto, e entrou no mosteiro das Clarissas de Forlívio (Forlí), para realizar o seu sonho de perfeição religiosa. O intinerário espiritual dessa frágil, mas valorosa mulher é deveras sugestivo e audaz. Quando se é conduzido por Deus, chega-se a bom porto.
O mosteiro era insalubre e necessitava de reparações urgentes. Por isso a irmã Serafina, devido à sua fragilidade, foi transferida, com um grupo de educandas necessitadas de ares mais saudáveis, para outra casa, onde passaram um proveitoso período de repouso, oração e reflexão. O senhor mostrou-lhe então a urgência em assistir, educar e formar a juventude, com frequência abandonada à dura lei da rua. E foi assim que com a aprovação das autoridades religiosas e a benção do bispo Mons. Polloni, juntamente com um grupo de generosas discípulas deu início ao Instituto das Irmãs Clarissas Missionárias Franciscanas do Santíssimo Sacramento. O instituto foi agregado a ordem dos frades menores a 28 de abril de 1904, aprovado provisoriamente por São Pio X com um decreto de louvor em maio de 1907, e depois em definitivo por Bento XV em 12 de agosto de 1915. É portanto uma congregação de direito pontifício onde as irmãs professam a regra de Santa Clara, adaptada por Constituições especiais. Baseia-se na espiritualidade franciscana, pondo em relevo certas expressões específicas: culto especial à Eucaristia, apostolado nas missões e na educação da infância e da juventude mais necessitada, vida autenticamente evangélica, testemunho visível da caridade de Cristo.
A madre Serafina de Jesus, aberta a todos os problemas, adiantou-se em relação ao seu tempo. O seu programa pode resumir-se em três palavras: alma eclesial, alma eucarística e alma educadora. Dele nasceram assim numerosos colégios e escolas que ainda hoje atendem milhares de jovens, bem como hospitais, dispensários, assistência espiritual a militares e presos, trabalho apostólico em países católicos e em terras de missão.     
A sua obra continua nas diversas atividades realizadas pelas suas filhas, alimentada pela oração e pelo sacrifício, para atrair a Cristo fiéis e infiéis, a fim de que todos os glorifiquem num hino de louvor e de perfeita alegria franciscana.