Carlos de Blois, duque da Bretanha, nascido em 1320, era por parte da mãe sobrinho do rei de França Filipe VI. À nobreza de sangue associava notáveis qualidades físicas e intelectuais, e espírito de sacrifício.
Aos 17 anos recebeu por esposa a sobrinha e natural herdeira do duque de Bretanha João III. Quando três anos mais tarde ele faleceu, Carlos teve de recorrer às armas para defender os direitos da esposa contra João Monforte, meio irmão do defunto, que reivindicava o ducado. Essa guerra de sucessão, integrada na guerra dos 100 anos, transformou a Bretanha num campo de batalha onde se enfrentaram a França e a Inglaterra, aliadas dos dois partidos rivais. Carlos, imbuído do ideal cavalheiresco, sentiu-se na obrigação de pegar em armas, embora por feitio fosse muito mais propenso à vida de oração e contemplação.
Com efeito, escreveu mais tarde: “Muito melhor fora para mim ter sido frade menor, pois o povo da Bretanha não pode viver em paz por causa das nossas lutas, mas eu também não posso fazer nada sem consentimento dos barões”. Entre 1341 e 1347 o pendor da guerra foi-lhe favorável, e permitiu-lhe adornar a igreja dos franciscanos de Guinamp com sumptuosos ornamentos e mandar construir uma capela real dedicada ao bispo São Luís de Anjou. Nessa capela professou a regra da ordem terceira franciscana secular, regra que durante toda a vida se esforçou por observar.
Aos 20 de junho de 1347 foi feito prisioneiro, e começou uma das etapas mais dolorosas da sua vida, sobretudo quando foi transferido para uma prisão em Londres, entre 1348 e 1356. Aproveitou esses anos para escrever a biografia do seu santo predileto, Santo Ivo da Bretanha, cuja canonização tinha pedido ao papa.
Liberto, enfim, da prisão, pôde gozar de uma paz relativa mas pouco duradoura. Em 1363 tornou a eclodir a guerra, apesar dos esforços de abritagem, e no dia 29 de setembro de 1364 Carlos sucumbia na batalha de Auray. O seu corpo, vestido com o hábito franciscano a encobrir o cilício que sempre usava, foi inumado na igreja dos frades menores de Guingamp. O povo começou logo a venerá-lo como santo. Sete anos após a morte, a viúva iniciou as diligências destinadas à sua canonização. Finalmente foi beatificado pelo papa São Pio X.
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