Margarida, descendente da célebre família Colonna, foi desde a mais tenra idade educada cristãmente pela mãe, Madalena Orsini, que tinha conhecido São Francisco em casa de seu irmão Mateus. Tendo ficado órfã, primeiro de pai e depois também de mãe, foi confiada à tutela dum irmão, João. Em 1273, depois de ter recusado um casamento rico com um nobre romeno, retirou-se para um lugar que na altura se chamava Prenestino e hoje se chama Castelo de São Pedro, onde fundou uma comunidade de Clarissas. Ali viveu e edificou o povo com uma vida em tudo exemplar, sobretudo na assiduidade da oração e caridade heróica. Distribuiu pelos pobres a sua rica herança, e recusou qualquer ajuda direta por parte dos irmãos; preferiu viver como franciscana, recorrendo à “mesa do Senhor, pedindo esmola de porta em porta”. Por ocasião duma epidemia, Margarida fez-se “toda para todos”, assistindo maternalmente aos irmãos doentes. Uma vez acolheu em casa um leproso, com ele comeu e bebeu, usando o mesmo prato e o mesmo copo, e num ímpeto de amor beijou-lhe as repugnantes chagas.
Seria longo recordar todas as manifestações da intensa vida mística de Margarida: a observância escrupulosa da regra de Santa Clara, o amor à pobreza, a contínua união com Deus, os êxtases, as efusões de lágrimas, as frequentes visões celestes, o casamento místico com o Senhor, que lhe apareceu e lhe enfiou um anel no dedo, lhe pôs na cabeça uma coroa de lírios e lhe imprimiu uma chaga no coração.
A morte de Margarida foi em tudo digna duma perfeita filha de São Francisco, que por amor da sua dama pobreza quis morrer nu sobre a terra nua. Durante os seus três últimos anos, sofria duma grave úlcera no estômago. Na noite de Natal de 1280 apareceu-lhe Maria com o Menino nos braços e deixou-a num estado de profunda exaltação. Depois de ter recebido o viático e a unção dos enfermos, pediu ao seu irmão, o cardeal Jaime, que a colocassem no chão, pois desejava morrer pobre como Jesus e São Francisco. Fizeram-lhe a vontade, mas apenas por pouco tempo, visto encontrar-se demasiado debilitada. Por fim pediu que lhe dessem um crucifixo. Depois de o beijar com muito afeto, mostrou-o às irmãs, exortando-as a amá-lo com todas as suas forças. Adormeceu por uns momentos, e voltando a si exclamou com vigor: “Aí vem a Santíssima Trindade! Adorai-a!”. Nesse instante cruzou os braços sobre o peito, fixou os olhos no céu e expirou serenamente. Era a madrugada de 30 de dezembro de 1280.
As exéquias tiveram lugar nesse mesmo dia na igreja de São Pedro no Monte Prenestino, com enorme concorrência de povo e de todos os franciscanos da região. Em 1285 as clarissas da comunidade da Beata Margarida mudaram para o mosteiro romano de São Silvestre, levando consigo os restos mortais da falecida.
Margarida aparece como uma delicada figura de mulher em quem os dotes naturais de inteligência, fascínio e sensibilidade, unidas à dignidade da sua estirpe, se inserem na árvore robusta da espiritualidade franciscana. A sua vida é como um arco-íris de paz e de esperança na tormentosa história do seu tempo.
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