Maria nasceu em Barcelona, Espanha, em primeiro de setembro de 1592. Tendo ficado órfã de pai e mãe quando ainda era criança, entrou no mosteiro recém-construído das Clarissas Capuchinhas da mesma cidade, onde emitiu a profissão religiosa a 8 de setembro de 1609, com 17 anos.
Quatro anos depois foi destinada à nova fundação do mosteiro de Saragoça como mestra de noviças, cargo que desempenhou com eficiência durante 9 anos consecutivos, juntamente com o de responsável pela formação das jovens professas. Em 1828 foi eleita abadessa, e confirmada nesse cargo por três triênios sucessivos.
Em 1645 participou na fundação do mosteiro de Múrcia, onde exerceu o serviço de abadessa e de mestra de noviças durante 16 anos. Nesse mosteiro foi um modelo de caridade ativa, sobretudo em duas ocasiões: durante a peste de 1648, e numa grande inundação em 1651, que destruiu a igreja e parte do mosteiro, obrigando as religiosas a refugiarem-se em outro sítio durante dois anos.
Dotada de uma inteligência fulgurante, Maria Ângela desde a juventude deu mostras de uma sensatez e maturidade humana fora do vulgar. Aprendeu na perfeição a língua latina, a ponto de deixar espantadas muitas pessoas cultas. Esse domínio do latim permitiu-lhe um profundo conhecimento da Sagrada Escritura e dos escritores eclesiásticos, que lia assiduamente, e foi a porta por onde entrou na vida contemplativa, alimentada com a palavra de Deus assimilada na liturgia, em especial na liturgia das horas. Daí o ser chamada, razão, a “mística do breviário”.
No governo dos mosteiros foi pioneira de métodos, “democráticos”, que modernamente muito se louvam, mas pouco se aplicam: com freqüência consultava as irmãs, tanto em capítulo com em diálogo pessoal. E perante as opções a escolher, assumia toda a responsabilidade de guia da comunidade. Deixou numerosos escritos, na maioria ainda inéditos, mas que mereciam ser conhecidos e estudados.
A sua piedade centrava-se na pessoa e no mistério de Cristo. Suspirava por participar de forma sensível nos diversos passos da Paixão, em especial na flagelação, revivendo as dores do Salvador. Em 21 de outubro de 1626, após uma longa preparação espiritual, teve a ideia de selar um pacto de amor com Cristo, uma espécie de deposório místico. O exemplo de São Francisco, Santa Clara e outros santos franciscanos, eram para ela fonte de inspiração e de emulação no caminho da santidade. A sua norma era calar, sofrer e aguentar o peso dirigir a comunidade franciscana das clarissas, apesar de se considerar indigna de ser contada entre as servas de Deus. Viveu e esforçou-se por transmitir às irmãs uma espiritualidade de cariz litúrgico, bíblico e franciscano.
Aureolada com a fama de santidade, faleceu a 2 de dezembro de 1665, aos 73 anos. O povo de Múrcia correu em massa a venerar os despojos da fundadora de mosteiros. Todos a consideravam santa.
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