A parte mais antiga da povoação
de Signa, no alto da colina, de aspecto medieval, ainda hoje é conhecido pelo
nome de “A Beata”, continuando assim a recordar e honrar a Beata de Signa por
antonomásia, Joana. Nascida em 1244, era filha de pais humildes, e na juventude
foi simples pastora, de vida e alma imaculada. Às vezes reunia-se com outros
pastores, e falava-lhes de coisas do céu e da prática da virtude.
Só mais ou menos aos 30 anos lhe
foi possível realizar o ideal sonhado de vida religiosa, fazendo-se reclusa
voluntária. Nesse intuito, depois de haver recebido dos frades menores o hábito
da terceira ordem franciscana, fez-se emparedar numa pequena cela junto ao rio
Arno, e aí viveu em penitência durante uns quarenta anos. Embora separada do
mundo, a partir desse estreito refúgio derramou dons de misericórdia sobre
todos quantos a ele recorriam: curou doentes, consolou aflitos, converteu
pecadores, esclareceu indecisos, ajudou necessitados. A sua fama perdurou até
aos nossos dias, devido também aos milagres póstumos e graças recebidas por sua
intercessão.
Há lendas pitorescas sobre a sua
juventude de pastora. Conta-se, por exemplo, que quando corriam tempestades e
aguaceiros, ela reunia junto de uma frondosa árvore o rebanho, que assim ficava
a salvo da chuva, do granizo e dos raios. Por isso, ao pressentirem a
aproximação de tempestade, outros pastores corriam junto dela com os
respectivos rebanhos. E ela aproveitava a oportunidade para lhes lembrar, com
palavras simples e eficazes, a necessidade de salvarem a alma e merecerem o
paraíso.
Outras vezes, quando o caudal do
Arno crescia de modo a impedir a passagem de uma margem para a outra, houve
quem a visse estender sobre as águas revoltas a sua grosseira capa e atravessar
o rio sobre ela, como se fosse um barco seguro.
Como reclusa, Joana viveu uma
vida mais angélica do que humana. Da caridade dos fiéis recebia o indispensável
para a sustentação. Foi exímia na mais rigorosa austeridade, na oração
fervorosa, na contemplação assídua, em êxtases e colóquios com o seu amado. O
Senhor glorificou a santidade da sua serva com numerosos prodígios realizados
sobretudo em favor de doentes, para quais obtinha de Deus a cura do corpo e da
alma. Da cela onde viveu emparedada voou para o céu aos 63 anos, no dia 09 de
novembro de 1307, e diz-se que no momento do seu desenlace repicaram
festivamente os sinos das igrejas, a celebrarem a sua entrada na glória
celeste.
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