quarta-feira, 9 de novembro de 2011

10 de novembro: Beata Ângela Salawa





Filha de um casal de agricultores pobres, mas muito religiosos, Ângela nasceu em uma região árida e improdutiva situada a uns 18 quilômetros de Cracóvia.
Era a mais nova de nove irmãos e além disso, nasceu e cresceu mal nutrida, fraca e enfermiça. Quanto a qualidades morais, era um tanto desobediente e caprichosa. Frequentou na escola da terra os dois anos de estudo possíveis, e aí mal aprendeu a ler menos mal, mas mal aprendeu a escrever. Ficou a gostar de ler bons livros, sobretudo livros de piedade. Aos 12 anos começou a empregar-se em trabalhos domésticos em casas da vizinhança. Aos 16 anos, em busca de melhores condições de trabalho, foi para Cracóvia, onde já residia uma sua irmã, Tereza, que a ajudou a arranjar o primeiro emprego. Os primeiros tempos, contudo, foram difíceis, e viu-se obrigada a mudar de ocupação com freqüência. Resolveu então inscrever-se na Associação de santa Zita, das empregadas domésticas. De início levou uma vida pouco exemplar, pois era vaidosa, frívola e pouco piedosa, ao contrário da irmã, que, toda se esforçava por seguir o caminho do céu; ela também queria chegar lá, mas mais devagar... Não obstante, continuou mais ou menos assídua às práticas de piedade e fiel no cumprimento dos deveres religiosos, talvez mais por rotina que por convicção.
Os conselhos da irmã e a morte prematura da mesma levaram-na a mudar de conduta e a tomar a vida mais a sério. Foi pondo de parte a frivolidade nas diversões e a vaidade no modo de se apresentar, conservando apenas aquela dignidade própria de uma filha de Deus. Fez também progressos na vida de piedade, chegando a ser a orientadora de algumas companheiras. Chegou mesmo a pensar em entrar num mosteiro. Consultado o confessor a esse respeito, optou por fazer simplesmente um voto de castidade perpétua. Foi descobrindo pouco a pouco que a sua vocação era sofrer com Cristo, e embora consciente da sua debilidade, aceitou-a. Deliciava-se em longas orações diante do SS. Sacramento; lia livros de mística tomando nota de passagens mais interessantes. Por ordem do confessor, começou escrever um diário, para anotar as suas vivências místicas, facilita as consultas e abreviar as confissões.
Tendo encontrado por fim condições favoráveis de trabalho, empregada de um casal sem filhos, com eles viveu oito anos. Por outro lado, foi alvo de vexames incríveis, por exemplo o do ser esbofeteada em plena igreja por uma mulher, e o de o seu confessor habitual, cansado com intrigas de pessoas invejosas, e até com calúnias levantadas contra Ângela, se negar sem mais nem mesmo a atendê-la em confissão, e em público a obrigar a retirar-se da fila do confessionário. Ângela suportou com paciência estas dolorosas humilhações.
A senhora em cuja casa ela trabalhava adoeceu gravemente e morreu, assistida por ela. Depois disso, vieram viver com o viúvo duas mulheres suas parentes, que começaram a criar dificuldades à vida e ao trabalho de Ângela. Sentindo-se abandonada, ouviu Jesus a dizer-lhe: “Minha filha, porque te preocupas? Eu não te abandonei”. Tomou então como diretor espiritual um padre jesuíta, que acompanhou o seu processo até o fim. E para seguir mais de perto Cristo pobre e crucificado, fez-se terceira franciscana, cuja regra professa em 1913.
Enquanto se encontra em condições de trabalhar, ajuda os doentes nos hospitais, socorre os pobres e as suas companheiras necessitadas. Mas no outono de 1916 é expulsa do emprego, acusada de roubo. Sente-se destroçada por doenças, necessidades, invejas, insultos e calúnias. Apenas consegue alguns biscates passageiros, e no ano seguinte deixa de poder trabalhar. Resolve então recolher-se no hospital da Santa Zita, de que tinha sido sócia. Mas como nem aí a deixam em paz a calúnia e a inveja, resolve ir viver sozinha, num pequeno cubículo alugado. Mas foi aí, no meio dos sofrimentos, que teve visões de Jesus a confortá-la e corrigi-la. Raramente e com grande dificuldade pode ir à igreja comungar; muitas vezes fica privada do pão do céu, pois tinha sido acusada por uma invejosa de se fingir doente, e essa calúnia fizera com que os padres franciscanos se recusassem a levarem-lhe a comunhão em casa. Ângela oferece todos os sofrimentos pela libertação da Polônia, sua pátria.
Em 1920 com imensa dificuldade participa de uma peregrinação ao santuário mariano de Chestochowa; e desde finais desse ano até meados do ano seguinte sofre dores tão atrozes que quase a levam ao desespero. Mas aceita todos esses “queridos tormentos” para se unir aos sofrimentos de Cristo. Na última etapa da vida, é alternadamente atormentada por tentações diabólicas de orgulho e presunção e confortada por Cristo com visões celestiais. Numa dessas visões passou a experimentar a felicidade do céu, a 12 de março de 1922.

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