sexta-feira, 4 de novembro de 2011

3 de novembro: Beata Margarida de Lorena


Margarida de Lorena, duquesa de Aleçon, nascida em 1463, foi educada na corte do seu piedoso avô, rei Renato de Avinhão. Os seus principais textos de estudo, a “Legenda Áurea” e as Vidas dos Santos produziram nela tal impacto, que aos 10 anos de idade já sonhava em ser eremita, como mostrou um episódio curioso. Durante um passeio coletivo, Margarida e mais algumas companheiras separaram-se do grupo. Julgando-se que se teriam perdido na mata, organizou-se uma operação de busca. Quando à tardinha a encontraram, confessou que se tinha escondido de propósito, para experimentar como seria a vida eremítica.
Entretanto morreu-lhe o avô, sendo ela ainda uma jovem de 17 anos. Regressou então à Lorena, e uma cunhada assumiu o encargo de continuar a sua educação na mesma linha de piedade. No ano seguinte casou com o duque de Alençon, com o mesmo nome do falecido avô, Renato. Mas a vida do casal não foi fácil, pois os desastres da guerra dos 100 anos fizeram-se sentir no pequeno ducado. A situação da esposa tornou-se ainda pior quando lhe morreu o marido, deixando-a viúva aos 32 anos de idade, com três filhos de tenra idade para criar.
A partir de então, como mulher forte, dedicou-se à educação dos orfãos, cuja tutela os parentes pretendiam assumir. Opondo-se a essa pretensão, Margarida esmerou-se na educação dos filhos, conseguindo que eles se tornassem jovens admiráveis, os adolescentes de sangue real mais cobiçados, que vieram a conseguir ótimos casamentos.
Uma vez liberta do encargo dos filhos, decidiu libertar-se também da administração do ducado, que com escrupulosa abnegação assumira durante 22 anos de viuvez. Dividiu os seus bens pessoais em três lotes, um dos quais destinado aos pobres, outro para igrejas, e o terceiro para seu próprio sustento. Depois retirou-se para o castelo de Essai, transformando-o em um autêntico mosteiro em estrito contato com as clarissas de Aleçon. O bispo da diocese chegou mesmo a recomendar à duquesa que moderasse as suas práticas ascéticas bastante exageradas, como passar em claro noites inteiras em oração, usar cilícios, fazer grandes temporadas de jejum, e flagelar-se com violência para saborear um pouquinho da Paixão de Jesus, como ela mesma costumava dizer.
Dócil às recomendações do bispo, Margarida mudou então de método ascético: dedicou-se a tratar as chagas dos doentes num dispensário que ela mesma fundou em Mortagne. E por fim ingressou mesmo no mosteiro das clarissas de Argentan, a fim de partilhar a vida duríssima das filhas de Santa Clara. Foi, porém, uma experiência de pouca duração, pois ao fim de dois anos adoeceu gravemente, e preparou-se para a morte, que ocorreu no dia 2 de novembro de 1521, tendo ela 58 anos de idade. Só então se descobriu que ela trazia ao peito uma cruz de ferro com três pontas aguçadas que se lhe cravavam na carne. 

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