A glória de Santa Ângela Merici anda ligada à difusão da Congregação das Ursulinas com as suas escolas para a juventude feminina espalhadas por todo o mundo. Nascida em 1474 em Desenzano sul Garda, recebeu uma sólida formação religiosa, apesar de não ter tido preparação intelectual. Passou a infância e a juventude a ajudar os pais nas lides domésticas. Quando, tendo ela 15 anos, lhe faleceram os pais, foi acolhida com a sua irmã em casa dum tio. Muitas tristezas e provações abriram-lhe o caminho para o encontro com Deus, de quem recebeu alegria e consolação. Foi admitida à ordem terceira franciscana no convento da ilha do Garda, com o seguinte programa: “Renunciar a tudo; procurar alcançar e possuir somente a Deus, bem supremo e eterno; considerar tudo, incluindo-se a si mesma, como nada, para encontrar tudo em Deus”. Dedicou toda vida a piedade, a devotos leituras e meditações, e a praticar obras de misericórdia.
Ângela propôs-se melhorar a sociedade do seu tempo por intermédio da família, atuando sobre a família pelo processo, importante e delicado, duma formação religiosa mais acurada das mulheres cristãs. Depois de haver consagrado a Deus a sua virgindade, encontrou o caminho certo. Deslocou em peregrinações não só por toda a Itália, mas ainda mais longe, como à Terra Santa. De regresso dessa viagem, teve um sonho, em que viu uma escada enorme, que chegava da terra ao céu, por onde subia uma infinidade de meninas; enquanto uma voz a convidava a fundar uma congregação religiosa. Ângela recordou-se então da célebre lenda de Santa Úrsula, a menina de estirpe régia martirizada em Colônia pelos hunos, juntamente com as 11.000 virgens. O exemplo dessa santa e das suas lendárias companheiras ajustava-se bem ao ideal da nova instituição, que Ângela colocou sob a proteção e o título de Santa Úrsula – a congregação das irmãs ursulinas.
Em 1525, tendo ido a Roma para ganhar a indulgência do Jubileu, teve oportunidade de explicar ao papa Clemente VII o seu programa religioso e social e o seu novo instituto. O papa abençoou os seus propósitos e animou-a a prosseguir. Então, em conjunto com Catarina Patengla, Ângela transferiu-se para Bréscia, onde começou a dar execução ao seu ideal. As ursulinas de Bréscia espalharam-se rapidamente por muitas outras cidades. A regra de vida religiosa proposta pela santa era moderna e ágil, adaptada às necessidades da sociedade do seu tempo. As ursulinas continuavam no mundo, sem qualquer sinal externo que as distinguisse das demais senhoras, levavam uma vida pobre, e ocupavam-se na educação de jovens nas aulas, formando-as no trabalho e na piedade. No mundo devastado pelos maus costumes, conseguiram, com a sua integridade de vida, salvar muitíssimas jovens.
Quando Ângela Merici morreu, com 66 anos, a 27 de janeiro de 1540, as ursulinas eram 159. A elas deixou a santa, como recordação e como herança, o seu testamento espiritual, bem como o primeiro esboço da Regra.
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