Era
natural duma povoação próxima de Lião (França), e passou uma juventude difícil,
na época perturbada pelos trágicos acontecimentos da Revolução Francesa. A
primeira comunhão, por exemplo, só pode recebê-la aos 13 anos, numa capela
privada. Mas da sua piedosa mãe recebeu uma sólida formação religiosa.
Desde
princípios de 1800, no entanto, nova luz começou a brilhar em toda França,
depois da passagem do furacão revolucionário e napoleônico, que por toda parte
deixara montões de ruínas materiais e espirituais.
Dado
o seu ardente desejo de ser padre, João Maria teve de se esforçar muito para
alcançar êxito nos estudos necessários. Mas o seu acendrado amor pelas almas
permitiu-lhe superar todas as dificuldades de ordem intelectual, e no dia 13 de
agosto de 1815, com 29 anos, foi ordenado sacerdote.
Em
1818, tendo ele 32 anos, devido à escassez de clero, o bispo houve por bem
confiar-lhe a paróquia de Ars, uma freguesia onde nenhum padre conseguia
aguentar-se. E ele, muito humilde, como verdadeiro filho de São Francisco, pois
era Terceiro Franciscano, lá foi a pé, como pobre no meio dos pobres, e não
tardou a conquistar aquelas almas. O espírito franciscano que assimilara ao
entrar na TOF permitiu-lhe orientá-lo da melhor maneira no seu múnus pastoral.
O
confessionário, onde ele passava grande parte do tempo, por vezes 18 horas por
dia, transformou-se numa espécie de altar de misericórdia, onde começaram a
afluir, para refazerem a vida, pecadores de toda a França e de toda a Europa.
O
santo cura d’Ars nunca saiu de casa para chamar gente, nunca andou pelas ruas a
sacudir a indiferença dos paroquianos, nunca lhes dirigiu a mais leve
recriminação. De joelhos diante do sacrário ou da imagem de Nossa Senhora,
permanecia muito tempo em oração. Era este seu alimento principal. De resto,
comia apenas o necessário para viver e de noite dormia poucas horas.
Os
paroquianos, inicialmente pouco ou nada lhe ligaram. Mas perante esta sua
maneira tão estranha de viver, vendo-o tão cheio de devoção a rezar de joelhos,
começaram a acorrer, a ajoelharem-se ao pé dele, a rezarem com ele. Passados
dois anos, a paróquia de Ars já era meta de peregrinações vindas da França e
não só. O sacerdote que por ser pouco inteligente se atrasara nos estudos, e a
quem inicialmente chegaram mesmo a não conceder jurisdição para confessar,
passou a ser o confessor dos mais obstinados pecadores, que vinham a Ars e
junto dele reencontravam o caminho da fé, da esperança e da caridade. Àquela igreja,
que trinta anos estava quase sempre praticamente vazia, acudiam agora
peregrinos desde o alvorecer até o fim do dia. Ao vir para a paróquia, sem
saber por onde ir, o P. João Maria pediu a um pequeno pastor que lhe indicasse
o caminho, com estas palavras proféticas: <<Indica-me o caminho para Ars
que eu te indicarei o caminho para o céu>>. E a verdade é que Ars ensinou
o caminho do céu para milhares de almas, e também àquele pastor, que morreu
poucos dias depois da morte do pároco, ocorrida esta a 4 de agosto de 1859,
tendo ele 73 anos de idade.
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