Nasceu
em Sevilha, Espanha, estava a terminar os estudos na universidade de Salamanca
quando foi recebido no noviciado do convento do Clavário dos frades Menores.
Fez a profissão solene quando tinha 20 anos, e após os estudos de filosofia e
teologia foi ordenado sacerdote. Em 1600, mostrando desejos de se dedicar à
conversão de infiéis, foi enviado para as Filipinas, destinado a prestar
assistência espiritual aos japoneses residentes em Dilao.
Cada
mártir tem a sua história no aspecto de fé e de piedade; mas a de Luís Sotelo
tem também uma vertente política, pela missão diplomática que desempenhou entre
o Japão, a Espanha e a Santa Sé. Em 1615 acompanhou o embaixador japonês a
Espanha, e conseguiu que ele se batizasse no mosteiro das clarissas em Madrid
com o nome de Filipe. O mesmo embaixador passou depois em Roma e hospedou-se no
convento franciscano de Aracéli, teve duas audiências com Paulo V, e prometeu
que o seu rei protegeria os missionários e os cristãos. Com estes precedentes,
ninguém iria pensar que mal passado um ano voltaria a haver perseguições, e
ainda mais cruéis que as anteriores. Por contradições de que também foi vítima
na própria pátria, Luís Sotelo só pôde regressar ao Japão em 1622, num pequeno
barco chinês; e já não foi tratado como diplomata, mas como traidor, e por
isso, em vez de ser levado à presença do imperador, foi metido numa cadeia.
Teve
então tempo bastante para ver que a perseguição poderia ter sido evitada se as
missões tivessem sido organizadas doutra maneira. Assim, a partir da prisão,
sete meses antes de morrer, indicou ao papa, num memorial, o que havia a fazer:
1) a formação de clero indígena, para ilibar os padres europeus de suspeitas
políticas, e para nos perigos poderem prestar assistência e conforto aos fiéis sem serem facilmente
reconhecidos pela diferença de raça; 2) uma melhor organização hierárquica. Em
vez de um único bispo, que nem sempre sequer vivia no Japão, um bispo por cada
Ordem missionária, dependente dum metropolitano. <<Bispos e padres, dizia
ele, são os ossos e os nervos do corpo místico de Cristo que é a Igreja>>.
A proposta do mártir franciscano, infelizmente, chegou demasiado tarde, quando
a perseguição já estava no auge.
Entretanto
o papa Paulo V criara no Japão uma nova diocese, na parte oriental,
evangelizada pelos franciscanos. Para essa nova sede tinha sido nomeado bispo o
Beato Luís Sotelo. A sua consagração episcopal estava Núncio Apostólico de
Madrid. Contudo, nunca chegou a realizar, por o bispo estar preso.
Após
dois anos de prisão, durante os quais esteve rigorosamente vigiado, foi
condenado à morte. No dia 25 de agosto de 1624 foi queimado vivo, a fogo lento,
com outros companheiros: dois franciscanos, um jesuíta e um dominicano.
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