De
linhagem nobilárquica, nasceu em Ceuta, Marrocos, em 1424, filha de Rui Gomes
da Silva e Isabel Peres de Meneses. Tal como um seu irmão de sangue, o
franciscano Beato Amadeu da Silva, era aparentada com a família real
portuguesa, e por isso acompanhou como dama de honor a infanta Isabel de
Portugal quando esta casou em 1447 com João II de Catela.
A
sua rara beleza e extraordinária virtude fizeram-na cobiçada por nobres da
corte por nobres da corte castelhana, e isso despertou ciúmes na rainha, que a
maltratou e chegou ao ponto de a três dias metida num calabouço, pondo-lhe em
perigo a própria vida. Logo que foi libertada, depois de fazer o voto perpétuo
da castidade, partiu em segredo para Tordesilhas e daí para Toledo, sempre
acompanhada, segundo a lenda, por São Francisco e Santo Antônio de Lisboa.
Foi
acolhida no mosteiro de São Domingos de Toledo, onde viveu uns trinta anos. Foi
durante esse período que nela despontou e amadureceu a ideia de fundar um novo
instituto em honra da Imaculada Conceição de Maria. Nesse empreendimento contou
com o apoio da rainha Isabel a Católica, que lhe cedeu o seu palácio da
Galiana, na mesma cidade de Toledo, com a igreja anexa da Santa Fé.
Transferiu-se para a nova casa com 12 companheiras em 1484, e pouco tempo
depois, com uma regra redigida pela fundadora, a nova congregação foi aprovada
por Inocêncio VIII em bula de 30 de abril de 1489.
Beatriz
vivia em Deus e Deus vivia nela. Unia-se a Jesus por meio de Maria. Contemplava
a perfeição divina e as maravilhas da graça realizadas em Maria, criatura
privilegiada e bendita entre as mulheres. Em 1484, estando ela absorta em
oração, apareceu-lhe Maria Imaculada, vestida de branco e com um manto azul, e
disse-lhe: <<Minha filha, é da vontade de meu Filho Jesus que nesta
igreja se funde uma ordem religiosa com o nome da minha Imaculada Conceição.
Deus quer servi-se de ti para lançar os fundamentos dessa instituição. Põe mãos
à obra, sem demora e sem medo, que eu estarei sempre a teu lado>>. Assim
se formou o novo grupo das Irmãs Concepcionistas, agregadas à ordem segunda
franciscana. O seu hábito imita as vestes de Maria na aparição: uma túnica
branca com escapulário e um manto azul. Acrescentou-se-lhe depois o cordão
franciscano, símbolo de perpétua união com a família do seráfico Pobrezinho.
Quando
a santa, ardendo em febre, esperava no leito a hora suprema, apareceu-lhe pela
terceira vez a Virgem Imaculada a anunciar-lhe que não tardaria a entra no céu.
Entusiasmada com a notícia, preparou-se para o dia mais belo da vida. A 16 de
agosto de 1490, com a idade de 66 anos, expirou docemente, enquanto sobre o seu
rosto virginal brilhou por alguns instantes uma estrela de excepcional esplendor.
Era o selo da sua santidade.
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