Nasceu
em Calaruega, diocese de Osma (Espanha), e desde a juventude deu sinais de
virtudes extraordinárias. Feitos com brilho os estudos teológicos e ordenado
presbítero, foi nomeado cônego da igreja de Osma.
O
seu apostolado como sacerdote centrou-se na defesa da fé católica,
especialmente contra a heresia dos albigenses, por meio da pregação e do bom
exemplo de vida. Este objetivo fez dele um polo de atração doutros pregadores,
para os quais organizou uma regra, e que constituíram o núcleo primitivo da
ordem religiosa dos dominicanos. O seu encontro com São Francisco de Assis, que
alicerçou uma eterna amizade entre as respectivas famílias religiosas, foi
rodeado com a auréola duma lenda, que também aparece nas legendas franciscanas,
mas com contornos diferentes. Quando orava na igreja de São Pedro do Vaticano,
em Roma, São Domingos terá tido uma visão: apareceu-lhe a Virgem Santíssima,
desgostosa com os pecados da humanidade, a apresentar ao seu divino Filho dois
indivíduos que seriam o suporte da Igreja. Num desses personagens São Domingos
reconheceu a sua própria figura; mas não conhecia o outro predestinado a
cumprir tão importante tarefa. Reconheceu-o só na manhã seguinte, ao deparar
com um pobre e andrajoso mendigo: era, nem mais nem menos, o pobrezinho de
Assis... Estreitaram-se num terno abraço, e assim lançaram as bases para uma
amizade que se perpetua entre as duas ordens religiosas.
Domingos
teria passado em santa e pacata serenidade o primeiro período da sua vida
sacerdotal a entoar como cônego os louvores do Senhor, se não tivesse ocorrido
a circunstância de ter feito uma viagem pela Provença, e verificado como por
esses lados estavam disseminadas as heresias de cátaros e albigenses. Concluiu
que se tornava urgente formar sacerdotes que vivessem uma vida pobre, para não
despertarem nos hereges suspeita de interesses materiais, que fossem bastante
cultos, capazes de refutar os erros e deformações doutrinais dos hereges, e que
por outro lado soubessem ser benévolos e carinhosos para com as ovelhas
desgarradas.
Mas
o bom exemplo tinha de começar por ele. Foi um homem de intensa oração, assíduo
no estudo, paciente nas contrariedades,, incansável em procurar e chamar os
errantes, apesar de por vezes se sentir ameaçado de morte por parte de alguns.
Andava sempre a pé e descalço, dormia sobre a terra, mortificava o corpo com
jejuns e flagelações, convencido de que os seus sofrimentos contribuíam para
salvar as almas que desejava libertar do erro.
Depois
de lhe ouvir um sermão empolgante, perguntou-lhe certa ocasião um discípulo que
livros é que ele consultava para ter tanta sabedoria. A resposta foi simples:
<<Meu filho, só estudei pelo livro do amor de Deus: esse livro ensina
tudo!>>.
Alguns
traços típicos, transmitidos pelos seus biógrafos: era de estatura mediana,
magro de corpo, de fisionomia atraente e tez levemente corada, cabelo e barba
acastanhados, olhos claros e brilhantes. O rosto, sempre alegre e sorridente,
irradiava um esplendor que em todos suscitava respeito e afeto. Possuía voz
forte, dicção clara e timbre sonoro, que muito contribuíam para ser, como era,
um belo pregador. Trazia sempre consigo o evangelho de São Mateus e as cartas
de São Paulo, nas quais meditava tanto, que quase as sabia de cor. Por duas
vezes foi convidado a ser bispo, mas sempre se recusou, preferindo viver com os
irmãos em simplicidade e pobreza. Conservou o esplendor da virgindade até a
morte, ocorrida em Bolonha, a 6 de agosto de 1221, aos 61 anos de idade.
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