Agatângelo
nasceu em Vendôme, na província francesa de Túrones, de família distinta, a 31
de julho de 1598. Desde criança contava de perto com os capuchinhos, que
recentemente tinham chegado a essa região, onde seu pai era presidente do
tribunal e administrador do convento. Não admira portanto que nele tenha
despertado cedo a vocação para a vida religiosa, e tenha sido recebido na ordem
dos frades menores capuchinhos, na qual professou em 1620, e foi ordenado
sacerdote depois de feitos os estudos requeridos.
Nos
primeiros anos de sacerdócio encontrou-se com o P. José Leclerc, famoso
conselheiro do cardeal Richelieu, que projetara um vasto plano de
evangelização. Agatângelo foi escolhido como candidato para a missão da Síria.
Ao chegar a Alepo em 1629, deparou com variadas confissões religiosas, entre as
quais muçulmanos, ortodoxos gregos, armênios, e alguns católicos, em número
reduzido. Adotando um método de proselitismo diferente do vulgar, centrado em
obras de beneficência, amigáveis conversas familiares e uma catequese muito
elementar, conseguiu sem dificuldade e com rapidez brilhantes resultados
apostólicos, que no entanto não vingaram, por ciúmes das confissões rivais.
Passou então a missão do Cairo na qualidade de superior, e aí trabalhou
afincadamente na união dos Coptas com a Igreja católica. Destinado pela
providência a ser pioneiro, abrindo a outros o campo missionário, foi depois
encarregado pela Congregação da Fé de orientar uma expedição missionária a
Etiópia, composta por ele e mais três sacerdotes capuchinhos.
Cassiano
nasceu em Nantes a 15 de janeiro de 1607, da rica família portuguesa Lopes
Neto. Desde tenra idade mostrou certa queda para as práticas de piedade e
devoção. Com 17 anos foi recebido na ordem dos frades menores capuchinhos da
província de Paris. Emitidos os votos religiosos, concluiu os estudos
eclesiásticos em Rennes, onde recebeu a ordem sacerdotal e passou os primeiros
anos de padre, assistindo a doentes vítimas da peste de 1631. Depois pediu para
ser enviado às missões, e foi destinado a Etiópia. Encontrou-se no Cairo com o
B. Agatângelo, com quem compartilhou as lides apostólicas.
Temperamento
fogoso, aberto e extremamente sensível ao sofrimento alheio, foi um apóstolo
zeloso, cultivando em especial uma filial predileção pela Virgem Maria, cujo
terço e oficio rezava todos os dias.
Desde
o primeiro encontro, os dois futuros mártires sempre trabalharam e se
sacrificaram juntos, centrando a sua atividade durante três anos no Cairo, a
grande capital do Egito, e prestando especial interesse à conversão dos Coptas.
No entanto, a sua atividade estendeu-se até aos distantes mosteiros de Santo
Antão Abade e de S. Macário em Nitra.
Na
Etiópia, especialmente por ação dos missionários jesuítas, a Igreja Católica
atingira um notável desenvolvimento, que culminou com a conversão do próprio
imperador. Mas as conversões e o florescimento da fé terminaram quando um outro
imperador adotou este lema: <<Mais vale estarmos sujeitos aos muçulmanos
de Meca que aos católicos de Roma>>. Os nossos missionários decidiram por
isso prestar auxílio aos pobres irmãos da fé perseguidos pelo ímpio imperador,
munidos de documentos do patriarca copta de Alexandria. E por precaução, apesar
de serem apenas quatro, dividiram-se em dois grupos. Foi assim que Agatângelo e
Cassiano partiram para a Etiópia, numa demorada viagem de três meses. Ao
chegarem à fronteira desse país, foram descobertos e feitos prisioneiros, por
serem considerados espiões e conspiradores contra o imperador e o bispo
abissínio Malário.
Instigado por súditos hereges, o imperador da
Etiópia tinha dado ordens de prender dois religiosos europeus que vinham do
Egito. Levados à sua presença e recebidos com insultos, foram encerrados numa horrível
masmorra como transgressores de ordens imperiais, que proibiam católicos de
entrarem no território abissínio. Os dois mansos filhos de São Francisco não
descoroçoaram: mostraram os documentos do patriarca copta de Alexandria. Poucos
dias depois foram conduzidos a Gondar, algemados e atados à cauda dum cavalo,
para uma nova e dura prisão. A corte imperial foi manipulada por duas
personalidades conhecidas de Agatângelo: o Abuna Macário, seu fingido amigo, e
o luterano Pier Leone, seu inimigo declarado, que hipocritamente se tinha feito
copta. No processo, dominado pelo sectarismo religioso e pela perfídia de Pier
Leone, os dois missionários católicos foram condenados à morte. Interrogados
pelo imperador sobre sua fé, Agatângelo respondeu: <<Estou pronto para
morrer pela minha fé cristã; nunca a renegarei!>>. No dia 7 de agosto de
1638, em Gondar, expostos ao ludíbrio das turbas, foram enforcados e
barbaramente lapidados pela fúria da populaça. Agatângelo tinha 40 anos e
Cassiano 31
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